O Tesouro RendA+, um título público criado para os trabalhadores que desejam complementar a aposentadoria. Ele conta com mais de 60 mil investidores em seus nove meses iniciais de vendas, segundo dados do Tesouro Nacional e da B3. O valor médio de aplicação se encontra em R$ 3,6 mil, sendo que a maioria dos investidores está na faixa etária entre 40 e 59 anos (62%).
Isso demonstra que a maioria dos interessados neste complemento da aposentadoria são justamente os trabalhadores que estão próximos de deixar o mercado de trabalho. Em estoque, o título público já acumula mais de R$ 1 bilhão no período de nove meses.
Segundo estimativas, caso mantenha o ritmo de adesão, o título fechará o ano de 2023 com cerca de 90 mil investidores. Este valor é bem menor do que o esperado para 2023, tendo em vista que o Tesouro Nacional fez uma projeção no lançamento do título, em janeiro, de três milhões de investidores até o final do ano.
Durante o lançamento, o ticket médio do título para aposentadoria era de R$ 8.930, porém, com sua popularização, o público de investidores se ampliou, reduzindo o valor de aportes por clientes. Sendo assim, isso indica que mais investidores pequenos e médios estão aderindo ao título. Na verdade, este é justamente o público alvo do produto, lançado com foco especialmente em trabalhadores autônomos com renda mensal de até seis salários mínimos.
Os investidores do título para aposentadoria RendA+ demonstram ter pressa para receber o benefício, o que se comprova pelo fato de que o título mais comprado até o momento é o de curto prazo.
O produto foi criado para complementar uma aposentadoria que apenas seria aproveitada no futuro, porém, a maior parte dos investimentos ocorreram em papéis que começam a pagar benefícios daqui a sete anos. Isso representa 36% do total de vendas do título (R$ 438 milhões).
Segundo Pierre Oberson, professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), “quando a gente vê pessoas mais próximas da aposentadoria investindo significativamente no produto, quer dizer que há um descasamento entre o que o produto é desenhado para fazer e o que está acontecendo. A ideia do título é que pessoas mais jovens conseguissem investir valores pequenos de forma recorrente para, lá na frente, ter uma aposentadoria complementar interessante. Mas isso não chega a ser alarmante”
O segundo título mais comprado possui prazo de conversão para 2035, e ainda se encontra na linha de curto prazo, representando 18% das vendas com R$ 223 milhões em estoque. Em seguida, o título com vencimento em 2040 fica em terceiro lugar, com R$ 150 milhões em estoque (13% do total).
“Ainda não está conseguindo se criar um comportamento de investimento de longo prazo, de quem pretende colocar dinheiro aos poucos e lá na frente vai recuperar esse valor, mas é importante ver que as pessoas estão investindo”, completa Oberson.
Como dito, a maior parte dos investidores no título da aposentadoria possuem de 40 a 59 anos de idade, ou seja, os trabalhadores que estão mais próximos de deixar o mercado de trabalho.
A segunda faixa etária que mais comprou títulos da aposentadoria está compreendida entre 20 e 39 anos, correspondendo a 22% do total. Já os mais jovens, de 0 a 17 e de 18 a 24 anos, correspondem a 0,92% e 1,14%, respectivamente.