O percentual de endividados no Brasil nunca ficou tão elevado quanto em 2022. A saber, quase oito em cada dez consumidores estavam com dívidas no ano passado. E vários motivos levaram a população a esse cenário desafiador.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o endividamento atingiu 77,9% das famílias do país em 2022.
Em síntese, esse resultado foi recorde da série histórica, iniciada em 2010. Aliás, a maior taxa registrada até então era a do ano anterior, quando 70,9% dos consumidores estavam endividados. No entanto, em 2022, os juros elevados pressionaram ainda mais a renda dos brasileiros, impulsionando as dívidas no país.
Confira abaixo os grupos de consumidores que mais se endividaram em 2022:
Esses grupos se destacaram no ano passado, com os maiores percentuais de endividados do país. A propósito, esses dados pesquisados pela Peic foram inéditos e mostraram que, apesar de haver diferenças no endividamento por gênero, faixa etária e grau de instrução, os percentuais ficaram bastante próximos, no geral.
“O ano de 2022 foi especialmente desafiador para as mulheres, mais numerosas entre a população endividada, assim como entre os inadimplentes. Do total de consumidoras, em média 79,5% se endividaram no ano passado, enquanto 76,7% dos homens possuíam algum tipo de dívida, diferença de 2,8 pontos percentuais entre os gêneros”, explicou a CNC.
Segundo o levantamento, as mulheres também utilizaram mais vezes o cartão de crédito. Em suma, 88,7% do público feminino estava endividado nessa modalidade. No caso dos homens, o percentual foi de 85,4% no ano passado.
Por outro lado, nos sete demais tipos de dívidas, o público masculino superou proporcionalmente o feminino. A saber, as modalidades são: carnê, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, financiamento de carro e financiamento de casa.
A CNC ainda mostrou que 29,6% das mulheres estavam com dívidas em atraso, ou seja, estavam inadimplentes. Entre os homens, o percentual ficou em 28,1%.
Vale destacar que a inadimplência também bateu recorde no país em 2022, assim como o endividamento. Em síntese, 28,9% dos consumidores do país tinham dívidas ou contas em atraso.
Por sua vez, 10,9% do público feminino não tinha condições de pagar as dívidas atrasadas. Já o percentual entre os homens foi de 10,3%.
“Os homens, porém, demonstram mais dificuldade do que as mulheres para pagar as dívidas acima de 90 dias de atraso: 43,1% do total de homens inadimplentes não conseguiram pagar essas dívidas mais antigas e seguiram inadimplentes. Volume ligeiramente menor de mulheres (ainda assim, bastante relevante) atrasaram dívidas por mais de 90 dias, 42,9% do total da população inadimplente”, informou a CNC.
Ao analisar a faixa etária, a Peic revelou que os mais jovens sofreram mais com as dívidas no ano passado. Em síntese, 78,1% dos consumidores do país com menos de 35 anos estava endividados. Já entre as pessoas com mais de 35 anos, o endividamento atingiu 77,9%. Isso mostra que os percentuais foram bem semelhantes.
“Mesmo com endividamento mais elevado na população jovem, a inadimplência é um problema prevalecente entre os mais velhos: 28,5% dos que não pagaram dívidas no vencimento têm até 35 anos, enquanto essa proporção é de 29,3% entre os mais de 35 anos”, informou a CNC.
Além disso, 11,8% dos consumidores com mais de 35 anos não tinham condições de pagar as dívidas em atraso. O percentual também foi superior ao registrado entre as pessoas com menos de 35 anos (9,4%).
Em resumo, esses dados mostram que os mais jovens contraíram mais dívidas no ano passado. No entanto, eles também tinham menos dívidas em atraso, o que pode refletir uma maior consciência da renda que possuíam, já que eles tinham menores proporções relacionadas às dívidas atrasadas.
O levantamento também revelou dados relacionados à escolaridade. A saber, 78% dos consumidores que concluíram o 2º grau contraíram alguma dívida em 2022. Por sua vez, o percentual de endividamento entre os que não conseguiram terminar o ensino escolar ficou em 77,8%.
Entretanto, assim como aconteceu com a faixa etária, os dados de inadimplência ficaram revertidos. Em suma, 25,8% dos consumidores com 2º grau incompleto estavam inadimplentes. Já entre os brasileiros que não concluíram o 2º grau, a taxa foi de 31,2%.
A Peic ainda mostrou que 9,1% dos consumidores com 2º grau completo não tinham condições de pagar dívidas em atraso. Entre os brasileiros com o 2º grau incompleto, a taxa ficou em 12,0%.
“Nesse sentido, a Peic mostra que o nível de instrução é um dos fatores mais relevantes para determinar a capacidade de pagamento das dívidas. A escolaridade aparentemente influencia mais o atraso de dívidas, em maior ou menor grau, do que outras características associadas aos consumidores, como o gênero e a faixa etária”, informou a CNC.