A produção industrial brasileira encolheu 0,3% em janeiro de 2023, na comparação com dezembro do ano passado. Esse resultado negativo fez a indústria seguir abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19.
Em resumo, a atividade industrial do país está 2,3% abaixo do nível pré-pandemia. Isso quer dizer que as perdas provocadas pela crise sanitária na produção industrial do país ainda não foram recuperadas.
Além disso, vale destacar que a produção industrial brasileira está 18,8% abaixo do nível recorde registrado em maio de 2011. Aliás, o resultado ficou ainda mais distante do recorde após a queda registrada em janeiro, visto que a queda estava em 18,5% no mês anterior.
Todos esses dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A série histórica teve início em janeiro de 2002 e, de lá pra cá, informa o desempenho da produção industrial do país mensalmente.
De acordo com a PMI, 11 dos 26 ramos industriais registraram resultados negativos em janeiro. Da mesma forma, três das quatro grandes categorias econômicas pesquisadas pelo IBGE também fecharam o mês em queda, na comparação com dezembro de 2022.
“Embora a produção industrial tenha mostrado alguma melhora de comportamento no fim do ano, uma vez que marcou saldo positivo nos últimos meses de 2022, inicia o ano de 2023 com perda na produção, e permanece longe de recuperar as perdas do passado recente”, analisou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Em janeiro deste ano, os setores que exerceram os maiores impactos na produção industrial brasileira foram:
Em resumo, o grande destaque foram os produtos farmoquímicos, que apresentaram uma forte queda em janeiro. No entanto, o gerente da pesquisa afirmou que essa volatilidade é uma característica do setor.
“Além de ser uma atividade que mostra oscilações acentuadas de um mês para o outro, há também uma base de comparação elevada, pois o setor vem de uma sequência de 3 meses no campo positivo, com um ganho acumulado de 27,1%”, explicou Macedo.
Já o setor de automóveis intensificou a queda registrada em dezembro de 2022 (-3,7%). Em suma, a diminuição na produção de caminhões em janeiro impactou o setor. Aliás, a decisão é uma medida adotada devido a transição para uma nova tecnologia que ajuda a reduzir os gases poluentes.
Por sua vez, os produtos alimentícios caíram em janeiro, após três meses de alta, período em que acumulou alta de 19,7%. O gerente da pesquisa destacou dois grupamentos, o de açúcar e o de carnes (bovinos, aves e suínos), cujas produções caíram em janeiro. Contudo, Macedo destacou que o recuo é pontual e não se trata de uma trajetória descendente.
Embora a produção industrial tenha caído em janeiro, a maioria dos grupos pesquisados fechou o mês em alta. Entretanto, nem mesmo isso impediu a queda da indústria no mês, mas vale destacar que limitou o recuo.
Confira abaixo os setores com os maiores impactos positivos na indústria brasileira:
No caso das indústrias extrativas, o avanço interrompeu dois meses de queda, período em que a atividade acumulou queda de 7,7%. “Além da base depreciada, tanto o petróleo como gás natural apresentaram crescimento, justificando o avanço”, avaliou André Macedo.
Apesar do recuo mensal, a produção industrial ficou com uma taxa positiva na base anual. Em suma, a indústria brasileira registrou crescimento de 0,3% em relação a janeiro de 2022. Esse resultado também foi registrado por duas das quatro grandes categorias econômicas, bem como por nove dos 25 ramos pesquisados pelo IBGE.
“Apesar da variação positiva, há um predomínio de atividades no campo negativo. Destaca-se, ainda, o efeito calendário – janeiro de 2023 teve um dia útil a mais e isso contribui para que o comportamento seja positivo. Além da própria base de comparação, na medida que em janeiro de 2022 o setor industrial recuava 5,6%”, explicou o gerente da pesquisa.
Na base anual, os principais impactos positivos vieram de:
Os dados mostram que o grupo de produtos alimentícios não teve uma variação muito expressiva como o grupo de produtos farmoquímicos, por exemplo. No entanto, os produtos alimentícios respondem por uma grande parte da indústria brasileira. Por isso, suas variações, mesmo quando são tímidas, exercem grande impacto na produção industrial.