O preço dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros ficou 40% maior nos últimos doze meses, enquanto o salário mínimo vigente não acompanha esta realidade. Um dos produtos que mais subiu de preço é o arroz, que acumula em apenas um ano uma alta que é de oito vezes maior do que o crescimento do salário mínimo.
O arroz é um dos alimentos mais consumidos na mesa do brasileiro, tendo aumentado 39,8% no seu preço e o que também significa um valor muito acima da inflação, que hoje está em 9%.
Vale lembrar que quando o Governo Federal decide aumentar o salário mínimo, na verdade ele está realizando um reajuste por conta do aumento dos preços ocasionado pela inflação. No ano passado o salário mínimo estava em R$ 1.045 e passou para R$ 1.100 neste ano, o que significa um reajuste de um pouco mais de “apenas” 10 dólares, realizando a paridade com a moeda americana que é utilizada em grande parte dos negócios.
Segundo André Martins, que é Gerente de Pesquisa de Orçamentos Familiares, a explicação dada é que o grão faz parte da dieta da maior parte das famílias brasileiras, porém quando se pensa da classe C para baixo esse número é ainda maior.
Os produtos industrializados, são encontrados nas famílias de renda per capita maior, aquelas que hoje têm um patrimônio acima de R$ 50.000,00. No ano passado, por conta da pandemia, o PIB per capita do país despencou para pouco menos de R$ 45.000,00.
Apesar de o preço do arroz ter registrado uma leve queda nos meses de junho e julho, este produto é um dos que mais subiu de valor ao longo do ano. No estado de São Paulo, o Procon registra mensalmente as evoluções ou quedas dos preços dos produtos de consumo.
O órgão afirmou que no mês de junho, era possível com o salário mínimo comprar 329 kg de arroz, porém no mês seguinte, apenas 267 kg poderiam se comprar com o salário. Segundo os especialistas, a pandemia e o isolamento social foram decisivos para ocasionar um aumento dos preços.
A inflação acaba pesando mais em famílias de baixa renda, que dependem na maior parte das suas refeições do tradicional arroz e feijão. Para estas famílias, não importa se o preço do combustível aumentou ou se as passagens aéreas subiram, pois não se trata dos itens de consumo deles.
Um levantamento que foi realizado pelo Dieese, mostrou que em 13 de 17 capitais pesquisadas no país registraram um aumento nos preços da cesta básica. Entre os itens que são essenciais na cesta, citamos o arroz e feijão.
Porto Alegre se mantém com a cesta básica mais cara do país, fechando em R$ 664,47, o que configura uma alta de 1,18% somente em agosto. Apenas para se ter uma ideia do avanço desse preço, o kg do arroz em Porto Alegre já ultrapassa o valor dos R$ 6,00.