De acordo com o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de renda, a população mais pobre foi a que mais sofreu com a inflação durante o mês de dezembro. Os dados apontam que a inflação aumentou de 0,65% em novembro para 0,74% em dezembro de 2021 entre as famílias com renda domiciliar inferior a R$ 1.808.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) informou que apesar de a inflação ter sido maior para a população mais pobre em comparação a famílias com renda domiciliar superior a R$ 17,7 mil, a diferença entre esses dois grupos foi inferior a registrada no mesmo período de 2020.
O levantamento ainda observou que a inflação para os cidadãos mais pobres aumentou principalmente por conta da alta no preço de alimentos e bebidas, seguido dos gastos com habitação, saúde e cuidados pessoais. Já a população com renda mais elevada pode observar a alta da inflação no grupo de transportes, com passagens aéreas, transporte por aplicativo e aluguel de veículos.
Apesar da população com renda mais baixa ter sentido mais a inflação nesse período, a pesquisa destacou que a inflação durante dezembro de 2021 foi menor que a registrada em dezembro de 2020, em todas as faixas de renda. Em comparação ao ano anterior, em 2021 houve uma melhora nos preços de alimentos como cereais, carnes, aves, ovos, leite e derivados.
De acordo com dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior impacto e maior variação apresentado no IPCA-15 foi no grupo dos transportes, encerrando o ano de 2021 com uma alta acumulada de 21,35%. Para a população mais rica, a alta no preço dos combustíveis durante o ano foi um dos grandes vilões da inflação.
Além da alta no grupo do transporte, o grupo de habitação apresentou uma alta de 0,90% e alimentação e bebidas de 0,35%. Segundo o IBGE, a maior contribuição para a alta da inflação no setor da habitação foi a energia elétrica (0,96%). É importante lembrar que desde setembro de 2021 está em vigor a bandeira de escassez hídrica, acrescentando R$ 14,20 na conta de energia a cada 100 kWh.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), durante o ano de 2021 o preço da cesta básica aumentou em 17 capitais brasileiras. Especialistas afirmam que a alta no preço dos alimentos básicos ocorreu por conta de mudanças climáticas, alta no custo de produção e também por uma alta na demanda externa.
Uma estimativa feita pelo Dieese, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara analisada, o salário mínimo dos brasileiros deveria ser de R$ 5.800,98 ou 5,27 vezes o salário mínimo de R$ 1.100,00, vigente durante o ano de 2021. O órgão ainda informou que em 2021, ao menos 59,51% do salário mínimo foi comprometido em compras com alimentação por conta da inflação.