No Brasil, é possível encontrar diversos poetas brasileiros renomados nacionalmente e internacionalmente.
Dentre os diversos gêneros literários existentes no país, a poesia está em um lugar de destaque, através dos seus elementos únicos como as rima, metáfora e imagem.
Esse formato de escrita surgiu no Brasil no século XVI, mais precisamente com a chegada do jesuíta José Anchieta, após a colonização. Aqui, ela pode ser caracterizada de três formas diferentes:
Poesia lírica – focada na primeira pessoa do discurso (o eu lírico);
Poesia existencial – aborda temas sobre experiências da vida (angústia, dúvida, solidão, velhice);
Poesia social – aborda temas sobre questões políticas e sociais.
Os poetas brasileiros
Mario Quintana
Além de ser considerados um dos grandes poetas do século XX, Mario Quintana foi tradutor e jornalista. Entre os prêmios recebidos pelo autor está o “Prêmio Machado de Assis” da Academia Brasileira de Letras (ABL) e o “Prêmio Jabuti” de Personalidade Literária do Ano.
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Outras obras do autor:
- A Rua dos Cataventos
- Sapato Florid
- O Aprendiz de Feiticeiro
- Apontamentos de História Sobrenatural
- Da Preguiça como Método de Trabalho
Adélia Prado
Nascida em Minas Gerais, Adélia Prado foi poetisa, escritora, professora e filosofa ligada ao Modernismo. Além disso, ao longo da vida ela sempre atuou nas áreas da educação e cultural. As suas obras literárias falam acerca do cotidiano, da fé cristã, alegria e sobre a figura feminina.
Ao longo da carreira acumulou diversas premiações, entre elas estão o Prêmio Jabuti de Literatura de 1978 da Câmara Brasileira do Livro com o livro “Coração Disparado”, Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil (2007), Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010), Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (2010) e o Prêmio Clarice Lispector (2016).
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas, o que sinto escrevo. Cumpro a sina. Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Outras obras da autora:
- Amor violeta
- Agora, ó José
- Parâmetro
- Impressionista
- Pranto para comover Jonathan
- Antes do nome
- Casamento
Ferreira Gullar
Poeta, dramaturgo, tradutor e crítico de artes plásticas, Ferreira Gular teve sua primeira obra literária poética publicada em 1949, quando ele tinha dezenove anos, que foi a obra “Um pouco acima do chão”.
Entre os prêmios da carreira do escritor estão o Prêmio Machado de Assis, oferecido pela Academia Brasileira de Letras; o Prêmio Jabuti, o mais importante prêmio literário do Brasil; e o Prêmio Camões, concedido pelos governos do Brasil e de Portugal a autores que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural da língua portuguesa.
Não Há Vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Outras obras do autor
- Poema sujo
- Traduzir-se
- Agosto 1964
- Meu povo, meu poema
- Cantiga para não morrer
- Dois e dois: quatro
- Praia do caju
- Aprendizagem
Ariano Suassuna
Ariano Suassuna foi escritor, dramaturgo e professor. Ele foi o grande idealizador do Movimento Armorial que valorizou as artes populares, onde os artistas tinham o objetivo de criar arte erudita a partir de características da cultura popular nordestina.
Suassuna recebeu o Prêmio Nacional de Ficção em 1973 e o prêmio da Fundação Conrado Wessel (FCW) em 2008.
O Mundo do Sertão
Diante de mim, as malhas amarelas
do mundo, Onça castanha e destemida.
No campo rubro, a Asma azul da vida
à cruz do Azul, o Mal se desmantela.
Mas a Prata sem sol destas moedas
perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
e a Marca negra esquerda inesquecida
corta a Prata das folhas e fivelas.
E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
que até o fim, serei desnorteado,
que até no Pardo o cego desespera,
o Cavalo castanho, na cornija,
tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
ladrando entre as Esfinges e a Pantera.
Além desses nomes, a poesia brasileira teve grande visibilidades através dos poemas dos seguintes autores:
- José Paulo Paes (1926-1998)
- Vinicius de Moraes (1913-1980)
- Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
- Castro Alves (1847-1871)
- Álvares de Azevedo (1831-1852)
- Manuel Bandeira (1886-1968)
- Olavo Bilac (1865-1918)
- Gregório de Matos (1636-1695)
- Casimiro de Abreu (1839-1860)
- Augusto dos Anjos (1884-1914)