Em um território tão vasto e diversificado como o Brasil, a tarefa de garantir a imunização adequada para todos os cidadãos é uma façanha notável.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Brasil tem desempenhado essa missão há mais de 50 anos, fornecendo vacinas gratuitas e seguras para milhões de pessoas em mais de 5 mil municípios.
Este programa tornou-se uma referência global, sendo reconhecido por sua eficácia na eliminação de doenças como a poliomielite, o tétano neonatal e a rubéola congênita.
O PNI do Brasil não é apenas o maior programa de vacinação pública e gratuita do mundo, mas também serve como um modelo para outros países.
O programa de imunização brasileiro destaca-se por sua escala e alcance, sendo capaz de atender uma população enorme espalhada por um território continental.
O PNI tem desempenhado um papel crucial na proteção da saúde pública no Brasil, ajudando a prevenir e erradicar várias doenças.
O Brasil tem sido um líder no setor de imunizações, oferecendo cursos e treinamento para profissionais de saúde de outros países. O PNI tem estabelecido cooperação técnica com vários países ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos, México, Guiana Francesa, Argentina, Paraguai, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Colômbia, Peru, Israel, Angola e Filipinas. Além disso, o Brasil tem feito doações de vacinas para países como Uruguai, Paraguai, República Dominicana, Bolívia e Argentina.
A chefe de saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Luciana Phebo, classifica o programa como uma referência global, principalmente para países com renda média e baixa e semelhanças socioeconômicas com o Brasil. Segundo ela, “O PNI não é só importante para o Brasil, é importante para todo o mundo“.
O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil tem sido um pilar fundamental para o sucesso do PNI. O SUS é um sistema público e universal de saúde que garante o acesso a vacinas para todas as pessoas, independentemente de sua localização ou condição socioeconômica.
“O SUS é extraordinário, está acima do que acontece no mundo e até mesmo em países desenvolvidos, com a capilaridade, com uma gestão unificada, com o Ministério da Saúde chegando aos municípios mais remotos e a todo o território nacional, que é vastíssimo. Poucos países têm essa estrutura.”
Apesar do sucesso do PNI, o programa enfrenta desafios significativos. Desde 2015, houve uma queda notável na procura por vacinação, levando ao ressurgimento de doenças que já haviam sido erradicadas, como o sarampo. Além disso, a possibilidade de retorno de doenças como a poliomielite é considerada uma ameaça de alto risco.
“Com a pandemia, essa redução se agravou e, no período pós-pandêmico, acontece uma pequena melhora, a curva começa a tomar uma outra direção, mas essa resposta tem que ser acelerada. E ainda não teve a aceleração necessária para garantir que não haja reintrodução de doenças como a poliomielite ou surtos de sarampo que poderão voltar a acontecer“.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destaca que o governo tem atuado para reestabelecer o protagonismo do programa e a confiança da sociedade no Ministério da Saúde enquanto autoridade sanitária nacional. Ela reconhece que a reconstrução será progressiva e levará tempo.
“Reconquistar as altas coberturas vacinais, portanto, em um segundo momento, pode voltar a nos colocar em uma posição de referência que nos faça contribuir mais no enfrentamento ao negacionismo e à hesitação vacinal. Nosso objetivo é voltar a ser exemplo para o mundo. Retomar essa posição de referência internacional e mobilizá-la na nossa cooperação com outros países, incluindo a vacinação, é nossa prioridade.”
O PNI tem sido bem-sucedido em expandir seu alcance, saindo das quatro vacinas oferecidas na década de 1970 para 20 vacinas disponíveis hoje.
O programa fornece calendários de vacinação para crianças, adolescentes, adultos e gestantes, além de promover campanhas de grande porte, como a vacinação anual contra o Influenza.