De 2019 para o ano de 2020, o total de domicílios nos quais as pessoas recebiam programas sociais, como o Auxílio Emergencial e outros, cresceu de 0,7% para 23,7%. Nesse sentido, o percentual representa 16,928 milhões de domicílios que passaram a receber, desde o ano passado, este tipo de rendimento.
O aumento foi notado em diversas regiões, mas os maiores percentuais foram no Norte, onde cresceu de 0,5% para 32,2%, e no Nordeste, que saiu de 0,8% para 34%. Os dados divulgados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad Contínua 2020: Rendimento de todas as fontes, divulgado hoje (19) pelo IBGE no Rio de Janeiro.
De acordo com a pesquisa, a causa da expansão foi a concessão do Auxílio Emergencial, criado pelo governo federal durante a pandemia. O auxílio foi criado com o intuito de atender famílias vulneráveis que foram impactadas negativamente com a pandemia de covid-19 e contou com parcelas de R$ 600 a R$ 1200, a depender do perfil dos beneficiados.
“Esse aumento de 0,7% para 23,7% é porque muitos domicílios tinham alguém ganhando o Auxílio Emergencial. Aqui não é o número de pessoas. É o percentual de domicílios com alguém recebendo outros programas sociais”, disse Alessandra Scalioni Brito, analista da pesquisa do Pnad Contínua.
As regiões que registraram maiores proporções de domicílios com beneficiários de programas sociais foram verificadas nas regiões Norte e Nordeste. Nessas regiões, 12,9% e 14,2%, respectivamente, tinham rendimento do Programa Bolsa Família. E outros 32,2% e 34% tinham rendimento de outros programas sociais, com destaque para o Auxílio Emergencial.
Já na Região Sul do país, independente do programa, foram apresentadas as menores proporções. No Bolsa Família eram 2,9%, BPC-Loas 1,7% e outros programas sociais, como o Auxílio Emergencial 14,4%. Além disso, na mesma região, os domicílios que recebiam o BPC-Loas também recuaram. Eram 3,5% e caíram para 3,1% no período.
Já em outros rendimentos, além dos programas sociais, as regiões Norte e Nordeste também tiveram aumentos expressivos. De 2019 para 2020 houve um aumento de 47,8% na região Norte, passando de R$ 435 em média para R$ 643, e no Nordeste, de 55% saindo de R$ 400 para R$ 620 em média.
“Já na região Sudeste e Sul, a gente teve uma redução. Isso porque Norte e Nordeste, em geral, já têm um peso maior de Bolsa Família e de BPC. Quando surgiu o Auxílio Emergencial e alguns beneficiários do Bolsa Família começaram a receber o auxílio, havia mais gente recebendo em média um valor bem maior do que o Bolsa Família pagava, que era de R$ 200”, afirmou Alessandra.
Os dados revelam ainda que, a parcela de domicílios recebendo o Bolsa Família teve queda de 14,3% para 7,2%. Isso se justifica em parte pois alguns beneficiários do programa passaram a receber o Auxílio Emergencial. Segundo Alessandra, durante a pesquisa de campo pode ter ocorrido o relato errado do tipo de benefício.
Nesse sentido, a pessoa pode ter falado que ganhava o Bolsa Família e estava recebendo o auxílio ou o contrário. Além disso, uma parte dos beneficiários do Bolsa Família começou a receber o Auxílio Emergencial, que foi pensado para o beneficiário que recebia menos de R$ 600 em média.