Direitos do Trabalhador

Média do SALÁRIO MÍNIMO de março surpreende trabalhadores do Brasil

Os reajustes salariais no Brasil foram muito positivos para os trabalhadores em março. Isso porque, no terceiro mês de 2023, três quartos dos acordos e convenções coletivas ficaram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Em outras palavras, a maioria absoluta dos trabalhadores do país se beneficiou com o aumento do poder de compra no início deste ano. Aliás, o resultado de março (74,1%) se manteve bastante elevado, superando o nível registrado em fevereiro, quando 69% dos acordos superaram o INPC.

A título de comparação, apenas 23,8% dos acordos e convenções coletivas superaram a inflação em 2022. Isso mostra que as dificuldades enfrentadas no ano passado foram superadas, em grande parte, nos primeiros meses deste ano. O cenário em 2023 deverá ser mais positivo para os trabalhadores do país do que em 2022.

A propósito, o INPC é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS no país. Por isso, as organizações se baseiam neste índice para realizar acordos e reajustes dos salários dos trabalhadores.

Inflação elevada reduz poder de compra

Para quem não sabe, a inflação é um dado muito importante para todas as pessoas. Desse modo, quando a taxa inflacionária do país está em um nível muito alto, o poder de compra do trabalhador acaba reduzido, uma vez que as pessoas terão que gastar mais para comprar bens ou contratar serviços.

Inclusive, quando o INPC está muito elevado, os reajustes tendem a ficar abaixo do indicador, até porque a maioria dos patrões não irá aumentar de maneira expressiva os salários dos empregados, mesmo com a inflação elevada.

Seja como for, vale destacar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Isso explica a importância desse indicador, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores do país.

A saber, estes dados fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cuja divulgação ocorre mensalmente.

Piso salarial do Brasil

De acordo com o levantamento, o piso salarial médio do país foi de R$ 1.498,75 em março, no terceiro mês do governo Lula. Em síntese, este valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese.

Entre os quatro setores econômicos pesquisados, dois deles tiveram um resultado superior à média nacional, enquanto os outros dois apresentaram números inferiores. Veja abaixo os pisos de cada um dos setores:

  • Serviços: R$ 1.521,79;
  • Rural: R$ 1.517,78;
  • Comércio: R$ 1.472,65;
  • Indústria: R$ 1.463,29.

O setor de serviços responde por quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por isso, o setor puxou o piso salarial do país para cima, apesar de números um pouco menos expressivos vindos da indústria e do comércio.

Mesmo que os serviços tenham apresentado o maior piso nacional entre os três grandes setores, foi a indústria que teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em março de 2023, chegando a 75,7% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 8,5%, enquanto 15,8% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.

Com dados bastante semelhantes, os serviços fecharam março com 71,0% dos reajustes acima da inflação. Por outro lado, apenas 7,6% das negociações ficaram abaixo do INPC no período, enquanto os 21,3% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.

Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão expressivos assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados ainda foram positivos para os empregados do setor.

Na verdade, 58,0% dos reajustes ficaram acima da inflação. Em contrapartida, 11,3% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, os 30,7% dos acordos restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor.

Veja o piso salarial das regiões brasileiras

Além disso, o Dieese também revelou o piso nacional médio nas regiões brasileiras. Todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.

Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira em março:

  • Sul: R$ 1.663,42;
  • Centro-Oeste: R$ 1.515,63;
  • Sudeste: R$ 1.471,23;
  • Norte: R$ 1.446,20;
  • Nordeste: R$ 1.422,62.

Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram muito parecidos entre as regiões brasileiras em março deste ano. A propósito, o Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (76,8%), seguido por Centro-Oeste (73,2%), Sul (69,3%), Norte (68,5%) e Nordeste (66,0%).

Porém, o Nordeste teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação em março. Na região, 11,7% dos acordos e convenções coletivas reduziram o poder de compra do trabalhador no terceiro mês do ano. Na sequência, ficaram Centro-Oeste (11,3%), Norte (10,9%), Sudeste (8,5%) e Sul (1,8%).

Por fim, o levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (28,9%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Nordeste (22,3%), Norte (20,7%), Centro-Oeste (15,5%) e Sudeste (14,8%).