O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% em 2022, na comparação com o ano anterior. O resultado consolida a trajetória de alta da economia brasileira e sucede o forte avanço de 5,0% registrado em 2021, após a recessão mundial provocada pela pandemia da covid-19 em 2020.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável pelo levantamento, o PIB brasileiro cresceu em 2022 devido aos seguintes resultados:
“Desses 2,9% de crescimento [do PIB] em 2022, os Serviços foram responsáveis por 2,4 pontos percentuais. Além de ser o setor de maior peso, foi o que mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano”, explicou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Em resumo, o setor de serviços responde por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Assim, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira avança.
Em valores correntes, a economia brasileira totalizou R$ 9,9 trilhões em 2022. Por sua vez, o PIB per capita chegou a R$ 46.154,6, avanço real de 2,2% em relação ao ano anterior. A propósito, PIB per capita corresponde ao PIB brasileiro dividido pela quantidade de habitantes.
O IBGE revelou que todas as atividades dos serviços cresceram em 2022:
“As duas atividades que mais chamam atenção estão entre as que mais cresceram em 2021, após as quedas de 2020: Transportes e Outros Serviços, que inclui categorias de serviços pessoais e serviços profissionais”, disse Rebeca Palis.
“Foi uma continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia de COVID-19. Em outros serviços, podemos destacar setores ligados ao turismo, como serviços de alimentação, serviços de alojamento e aluguel de carros”, acrescentou.
Na indústria, o destaque positivo foi a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (10,1%), cujas bandeiras tarifárias ficaram mais favoráveis.
Segundo Rebeca Palis, o avanço da indústria ocorreu graças à recuperação do Brasil em relação à crise hídrica em 2021. “Além do crescimento da economia, houve o desligamento das térmicas, diminuindo os custos de produção, o que contribui para o aumento do valor adicionado da atividade”, explicou.
“Ademais, a atividade de Construção, com alta de 6,9%, corroborada pelo aumento na sua ocupação, foi influenciada pelo ano eleitoral, que sempre apresenta uma maior quantidade de obras públicas”, disse.
Por outro lado, as indústrias de transformação encolheram 0,3% em 2022, enquanto as indústrias extrativas fecharam o ano em queda de 1,7%.
“O resultado das Indústrias Extrativas no ano foi puxado pela queda na extração de minério de ferro, relacionada ao lockdown ocorrido na China, nosso maior comprador, enquanto as Indústrias de Transformação foram impactadas negativamente devido a fatores como juros altos e custos de matéria-prima elevados”, disse Palis.
De acordo com o IBGE, “a queda do Valor Adicionado da Agropecuária no ano de 2022 (-1,7%) decorreu do decréscimo de produção e perda de produtividade da atividade Agricultura, que suplantou as contribuições positivas das atividades de Pecuária e Pesca”.
A coordenadora Rebeca Palis informou que a produção da soja em 2022 teve uma forte queda estimada em 11,4% devido aos efeitos climáticos adversos. Em suma, esse resultado puxou a agricultura para baixo, fazendo o setor da agropecuária ficar em campo negativo.
No entanto, a agropecuária apresentou uma variação positiva de 0,3% no quarto trimestre de 2022, em relação ao trimestre anterior. Isso mostra que o setor fechou o ano em alta, na base trimestral, e aumenta as expectativas em relação a 2023.
O IBGE divulga dados sobre os setores mais importantes para o PIB brasileiro. Além dos serviços, indústria e agropecuária, outros indicadores também exercem grande influência na economia do país, impulsionando-a ou puxando-a para baixo.
Em 2022, todos os outros destaques foram positivos, o que explica o crescimento do PIB no período:
Por fim, o consumo das famílias funcionou como um verdadeiro motor para a economia brasileira, pela ótica da demanda. Em síntese, isso aconteceu graças à reabertura de diversos estabelecimentos comerciais, que ainda sofreram impactos firmes da pandemia em 2021.
“É importante dividir a demanda interna do setor externo, pois dos 2,9% do crescimento, 2 p.p. foram da demanda interna principalmente do consumo das famílias, e 0,9 p.p. da demanda externa, que também subiu, já que as nossas exportações cresceram mais do que as importações”, disse Palis.