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Pesquisadores alertam sobre neurotecnologia e leitura de mentes (Confira!)

A leitura de mentes parece coisa de filme de ficção científica. Todavia, muito tem se falado sobre a neurotecnologia e seus avanços atuais, que podem gerar inúmeras questões relacionadas à privacidade de pensamento e as consequências de se utilizar essas ferramentas. Neste caso, a ética dos cientistas também está em jogo.

Nita Farahany, professora da Universidade Duke, nos Estados Unidos, lançou recentemente o livro The Battle for your Brain: Defending the Right to Think Freely in the Age of Neurotechnology. Em português o título seria, A Batalha pelo seu Cérebro: Defendendo o Direito de Pensar Livremente na Era da Neurotecnologia.

A princípio, muitas pessoas podem pensar, será mesmo que é possível uma máquina ler seu cérebro? Deve-se observar que mesmo com os inúmeros avanços atuais relativos à neurotecnologia e outras ferramentas, isso ainda não é possível. Principalmente em relação às máquinas apresentadas em livros e filmes.

Analogamente, uma tecnologia superior poderia realmente entrar na cabeça da pessoa e dessa maneira, ter acesso às suas informações e pensamentos. Farahany diz que a privacidade de pensamento é uma questão que vem sendo derrubada sem que seja realmente preciso um exame minucioso do cérebro humano.

Neurotecnologia

Neste cenário, para obter as informações pessoais não é preciso que uma máquina utilize a neurotecnologia para ler o pensamento de uma pessoa. Aliás, atualmente, existe uma grande quantidade de informações pessoais que são compartilhadas massivamente nas redes sociais. Elas são analisadas através de vários algoritmos.

Esses dados dos usuários das plataformas são muitas vezes utilizados para que terceiros ganhem um dinheiro com eles. As grandes corporações tecnológicas possuem muitos dados relativos a seus usuários e clientes. Podemos citar como exemplo, o número de amigos, preferências de conteúdo, política, produtos, etc.

Além disso, essas empresas também possuem conhecimento da rotina de seus usuários, por onde eles andam, e suas transações financeiras. Dessa maneira, as organizações utilizam essas informações para criar perfis de seu público alvo, as chamadas personas, em busca de entender os desejos e preferências dos usuários.

Portanto, de acordo com a pesquisadora, as pessoas precisam considerar que, neste sentido, suas mentes já estão sendo lidas. Outras tecnologias também apresentam a mesma questão. É o caso dos smartwatches, que reúnem informações sobre o nível de estresse, batimento cardíaco, qualidade do sono, etc.

Neurotecnologia/Fonte: pixabay

Leitura de mentes

Desse modo, é conveniente dizer que com os avanços relacionados à neurotecnologia, através de equipamentos e aparelhos que permitem entrar em contato direto com o cérebro, a leitura de mentes entra em um novo estágio. Ela se torna cada vez mais precisa e consegue ter acesso a mais informações sobre uma pessoa.

Farahany afirma que os sensores cerebrais, se parecem com os de frequência cardíaca, presentes nos smartwatches. Eles medem a temperatura corporal enquanto captam a atividade cerebral de seus usuários. No momento em que uma pessoa pensa ou tem algum sentimento, os neurônios disparam descargas elétricas.

Ademais, através da neurotecnologia e outras ferramentas e equipamentos, é possível medir os padrões cerebrais característicos e chegar a uma determinada conclusão. É possível observar o que a pessoa sente, por exemplo, quando observa uma determinada propaganda, e quais são as suas reações diante desse cenário.

Neurotecnologia e o cérebro

É possível captar as reações emocionais de uma pessoa através da atividade elétrica cerebral. Vale ressaltar que ela pode ser colhida por equipamentos que utilizam Inteligência Artificial (IA). Em síntese, com os aparelhos mais avançados, é possível saber o que a pessoa sente, imagina, observa e ainda, pensa.

Para a pesquisadora, é importante que as pessoas considerem que seus pensamentos não são necessariamente delas. Por essa razão, se abrem inúmeras questões filosóficas, morais, e o conceito de livre-arbítrio. Sendo assim, questiona-se o poder de uma pessoa de escolher determinadas ações em sua rotina.

Uma pessoa pode estabelecer um cronograma de atividades para realizar durante uma semana. O tempo passa e ela vê que não conseguiu, visto que passou muito tempo nas redes sociais. Farahany questiona o que pode ter acontecido. Ela diz que existem algoritmos criados para prender a atenção dos usuários dessas plataformas.

Em conclusão, com inúmeras ferramentas e os avanços da neurotecnologia, o indivíduo pode ter dúvidas se existe realmente um livre-arbítrio, visto que esses equipamentos e tecnologias podem prejudicar a pessoa que se vê de mãos atadas. Mesmo assim, a pesquisadora defende os avanços tecnológicos atuais e futuros.