Pesquisa aponta que preço baixo e aromatizantes são estratégias para atrair consumidores de tabaco
O tabaco é um dos principais causadores de doenças e mortes em todo o mundo. A indústria do tabaco tem adotado estratégias para manter e aumentar seus lucros, como a garantia de preços baixos e a adição de aditivos que tornam os produtos derivados do tabaco mais palatáveis.
No entanto, essa abordagem tem causado preocupações na área da saúde, levando pesquisadores a defenderem medidas de aumento de tributação e proibição de aditivos que mascaram os sabores do produto.
Preços baixos e a presença de aditivos nos produtos
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostrou que o cigarro legal brasileiro é o segundo mais barato da região das Américas. A diferença de preço entre as marcas legalmente fabricadas no país e as contrabandeadas nunca esteve tão baixa.
Isso é reflexo da falta de reajuste nas alíquotas do imposto sobre o cigarro e no preço mínimo estabelecido por lei desde 2017. Como resultado, houve um aumento significativo na produção de cigarros, o que pode levar ao aumento do número de fumantes, principalmente entre os adolescentes.
Além disso, cerca de 40% dos cigarros consumidos no Brasil pertencem a marcas ilegais. Apesar da queda na proporção de consumo desses produtos nos últimos anos, ainda é um percentual elevado. O estudo também revelou que mais de 25% das marcas ilegais são vendidas a um valor igual ou levemente superior ao preço mínimo estabelecido por lei.
O preço médio do cigarro adquirido pelos fumantes brasileiros é de R$5,68, sendo ainda mais baixo nos estados que fazem fronteira com o Paraguai.
A importância dos aditivos na indústria do tabaco
Os aditivos são ingredientes adicionados aos produtos de tabaco com o objetivo de modificar o sabor, regular a combustão, umedecer, preservar ou agir como solventes para outros aditivos. Eles atendem a uma necessidade objetiva da indústria tabagista: a reposição de consumidores. Como o tabaco é responsável por duas em cada três mortes de seus consumidores, é necessário incentivar a iniciação ao tabagismo. Isso é facilitado com a adição de sabores açucarados, tornando o cigarro mais palatável, principalmente para crianças e adolescentes.
Estudos apontam que a indústria do tabaco utiliza aditivos desde os anos 1920, quando o mentol começou a ser adicionado aos cigarros. Nos Estados Unidos, em 1994, as empresas de tabaco foram judicialmente obrigadas a divulgar uma lista com 599 aditivos presentes nos cigarros.
No entanto, essa prática tem levantado preocupações em relação à saúde pública, uma vez que esses aditivos mascaram o sabor e facilitam a iniciação ao tabagismo, aumentando o número de fumantes e, consequentemente, os danos à saúde.
Impacto na saúde e a necessidade de medidas
O tabagismo é um grande problema de saúde pública em todo o mundo. Atualmente, existem cerca de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, sendo responsável por 8 milhões de mortes anuais, das quais 1,2 milhão afetam as pessoas indiretamente. Dentre essas mortes, 65 mil são crianças. Além disso, a indústria do tabaco gasta bilhões de dólares em marketing e publicidade, causando prejuízos econômicos de trilhões de dólares. No Brasil, são registradas 157 mil mortes por ano decorrentes do tabaco, com prejuízos econômicos de bilhões de reais.
Diante desse cenário preocupante, pesquisadores e profissionais da saúde defendem a implementação de medidas para combater o tabagismo. Uma delas é o aumento da tributação sobre os produtos do tabaco, tornando-os menos acessíveis e desestimulando o consumo. Além disso, é necessário fortalecer as políticas de controle do tabagismo, como a proibição de aditivos que mascaram os sabores e facilitam a iniciação ao tabagismo, principalmente entre os jovens.
Ademais, o tabaco continua sendo um grande desafio para a saúde pública em todo o mundo. A indústria do tabaco utiliza estratégias para atrair consumidores, como preços baixos e aditivos que tornam os produtos mais palatáveis.
No entanto, essas práticas têm impactos negativos na saúde, aumentando o número de fumantes e causando danos econômicos. É necessário implementar medidas efetivas, como o aumento da tributação e a proibição de aditivos, para combater o tabagismo e proteger a saúde da população.