O desafio de educar na pandemia e como as escolas de diferentes países do mundo ensinaram ao longo da fase de isolamento foi tema do World High School Forum, Fórum Internacional de Escolas, durante o Educa Week 2021.
Os participantes discutiram sobre como desigualdades socioeconômicas de seus respectivos países impactaram, no geral, a educação durante a pandemia e, ainda, sobre as soluções encontradas para mitigar os problemas, além do emprego da tecnologia em sala de aula, entre outros temas.
Em tempo: a atual geração de alunos já é chamada de “geração perdida” em recente relatório da ONU (Organização para as Nações Unidas), que alertou que quase 1 bilhão de crianças em todo o mundo correm o risco de “perda de aprendizagem” devido a interrupções na frequência escolar durante a pandemia da Covid-19.
Annika Hätönen, chefe de Pedagogia da Little Heroes International Kindergarten, na Finlândia, chamou a atenção para a dificuldade de ensinar no período de quarentena e disse que, agora, as escolas já se encontram em um momento pós-pandêmico. “As coisas estão começando a voltar ao normal”, disse ela. “Podemos agendar visitas em museus e fazer passeios escolares no geral, por exemplo”.
“É um desafio lecionar para uma criança de dois anos nos dias de hoje”, disse a educadora. “Por outro lado, as famílias estão mais atentas ao perigo do contágio”, explicou Annika.
“Antes não era incomum ver uma criança doente na escola e, quando isso acontecia, ligávamos para os pais. Agora há uma conscientização e cuidado maior”, ressaltou a educadora.
Joanna Wiles, gestora da Person Education, no Reino Unido contou sobre a realidade do país, afirmando que ele não destoa dos casos reportados na Finlândia e no Brasil.
“Centenas de crianças e jovens sofreram com as inseguranças de suas famílias, e isso afetou seus estudos e todo o processo de ensino-aprendizagem”.
“O maior desafio foi lidar com as diferentes realidades, sobretudo envolvendo a situação socioeconômica que as crianças enfrentavam em suas casas”, continuou Joanna.
Ela também reportou sobre o uso da tecnologia e como os recursos tecnológicos se tornaram uma questão importante a ser enfrentada por professores que não estavam acostumados com ela. “Os mais tradicionais foram bastante afetados”, explicou ela.
“Mas no caso de um educador que já estava dando suas aulas com apoio do Google Classroom, por exemplo, a transição para o ensino digital foi tranquila”, afirmou a educadora do Reino Unido.
Marcus Vinicius de Freitas, Professor de Direito e Relações Internacionais na Universidade de Relações Exteriores da China, destacou a eficiência do sistema de ensino público no país.
“A educação chinesa é em sua grande maioria de natureza pública. Cerca de 95% dos alunos das universidades vieram dessas instituições, o que significa que este é considerado eficiente. Com isso, os pais conseguem destinar recursos para atividades complementares, como aprendizado de idiomas ou educação artística”, destacou Freitas.
“Já no Brasil, como a educação pública se deteriorou, fizemos a opção pelo ensino privado. Enquanto que na China, os pais são muito ativos no sistema público, assim como os alunos”, comparou o educador.
Rodrigo Moura, Diretor de Relações Internacionais do Instituto Ibrachina, destaca o rigor da educação chinesa.
“Aqui, os professores conectam os alunos à família e também à sociedade a nível mundial, com a abordagem de forças econômicas dos países, por exemplo. Isso para crianças bem pequenas, de seis, sete anos. No país, o professor é visto como autoridade”, disse Moura.
O estadunidense Mike Strong, da Blue Dot Education, ressaltou os impactos das desigualdades econômicas e como isso refletiu na rotina educacional dos estudantes.
“Esse período foi um desafio para os alunos; o lar não é um local seguro e, muito menos, estimulante cognitivamente”, afirmou Strong.
“Para alguns estudantes, a educação pode até ter melhorado no período, mas, para os estudantes que não enfrentaram boas condições em casa, foi muito ruim”, enfatizou o educador. E ele comparou o quadro com o cenário da economia global. “As pessoas mais ricas do mundo enriqueceram durante a pandemia, já as mais pobres empobreceram ainda mais”, continuou.
Considerado o maior evento de educação básica do Brasil, em sua sexta edição, reuniu autoridades, líderes e ativistas do país, além de especialistas internacionais (das universidades de Harvard e Stanford), durante seis dias.
A programação totalizou 36 painéis, com temas pautados nas novas demandas educacionais, geradas e impulsionadas pela pandemia.
Foram abordados aspectos pedagógicos e socioemocionais; transformações geradas no pós-pandemia; desafios para a escola pública de qualidade; edtechs; como melhorar os índices educacionais no Brasil; tendências da educação no Exterior, com estudos de caso em países como Estados Unidos, China e Finlândia. Saiba mais acessando: https://educaweek.com.br/.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Educa Week.
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