Emerson Loureiro, paciente com síndrome de Down cuja foto abraçado com um enfermeiro viralizou nas redes sociais, não resistiu às complicações causadas pela Covid-19 e morreu nesta quinta (28) antes de ser transferido para um leito de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) em Manaus. O falecimento foi anunciado pela família do rapaz de 30 anos.
Emerson estava recebendo tratamento em Caapiranga, no interior do Amazonas, quando a foto dele abraçado com um enfermeiro para receber oxigênio viralizou e causou comoção nas redes sociais. A repercussão da foto fez com que o paciente conseguisse um leito de UTI em Manaus após 5 dias de espera, pois na sua cidade não há leitos.
Antes da transferência a Manaus, porém, o paciente foi levado a um hospital do município de Manacapuru, a 99 km da capital amazonense. No entanto, enquanto aguardava melhora no quadro clínico para poder ser transferido ao leito de UTI, Emerson não resistiu e morreu.
“Já tinha um leito para ele em Manaus, mas não conseguimos levar, não deu tempo pois dependia da melhora da saturação dele para fazer esse trajeto. Durante a madrugada de hoje, a saturação subiu para 98. Nós comemoramos tanto, achando que ia dar certo, ele ia ser transferido, mas hoje às 8h, chegou essa notícia para gente, infelizmente”, disse a irmã de Emerson, Keiteane Loureiro.
O corpo de Emerson Loureiro foi levado a sua cidade natal, Caapiranga, a 134 km de Manaus, onde será sepultado pela família.
A foto de Eduardo abraçado por um enfermeiro para receber oxigênio ajudou a denunciar a falta do insumo no Amazonas. Considerado essencial para tratar Covid-19 grave, o oxigênio está em falta no estado, que recebe ajuda de outros estados e do governo federal, além da doação de países como Venezuela, China e Estados Unidos, para suprir a demanda.
Hoje, as empresas que produzem oxigênio para o Amazonas têm capacidade de produzir 33 mil metros cúbicos por dia, enquanto a demanda pelo insumo no estado é de cerca de 80 mil metros cúbicos. No começo do mês, o cenário era pior em Manaus do que em cidades do interior, entretanto, o quadro está se invertendo, o que representa um desafio para a logística de entrega dos cilindros de oxigênio aos municípios mais necessitados.
Segundo o secretário de saúde do Amazonas, Marcelo Câmpelo, o interior demanda cerca de 1.200 cilindros de oxigênio de 10 mil metros cúbicos por dia e a tendência é esse número dobrar.
“Há aumento de casos em várias macrorregiões. O pico está vertical. [Levar os cilindros para o interior] é uma logística quase insana. Levamos de madrugada, de noite, de voo, de lancha”, disse ele.