O desafio de preparar os estudantes para os mais diferenciados processos seletivos do ensino superior foi um dos mais importantes painéis do Educa Week 2021.
Os participantes discutiram sobre como implementar questões relativas ao currículo do novo Ensino Médio nos processos seletivos das mais diversas instituições e seus públicos.
A diretora executiva da Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) Belmira Barros chamou a atenção para a dificuldade de incluir questões relativas às habilidades socioemocionais em um processo seletivo tão concorrido como o da Fuvest, exame que seleciona postulantes a vagas na USP.
“Vamos ter de pensar, ponderadamente, de que modo podemos inserir esse currículo num vestibular com as dimensões como o da Fuvest”, disse Belmira.
“A questão das habilidades específicas, é uma sugestão muito interessante, mas, no momento, ela não é exequível”, ressaltou a diretora.
Belmira explicou os motivos pelos quais é difícil colocar em prática no processo da FUVEST, tópicos referentes ao novo modelo de educação que está sendo proposto.
“Lidamos na segunda fase com cerca de 30 mil candidatos”, afirmou.
“E não podemos esquecer que estamos em um país extremamente segmentado em classes sociais; nós acabamos nos envolvendo em um processo que, por mais cuidadoso que seja, operamos com seletividade alta”, revelou a educadora.
“Elaborar essas questões, olhando para a chegada do Novo Ensino Médio, é desafiador. Estamos cientes de que vamos enfrentar a situação, e a gente espera que a pandemia nos permita”, enfatizou Belmira.
O coordenador acadêmico da Faculdade Albert Einstein Durval Daniel acrescentou, ainda, à discussão, a preocupação sobre como os alunos da rede pública vão conviver com a realidade do novo sistema de ensino.
Ele lembrou que a transmissão de conteúdos não foi tão afetada nas instituições privadas, e que, para este público, o impacto maior foi no aspecto socioemocional.
“A nova base curricular vai funcionar muito bem para as privadas, mas tenho muito receio de como impactará as escolas públicas”, afirmou Durval.
Daniel ainda aproveitou o debate para sugerir à diretoria executiva da FUVEST que a primeira fase do vestibular da USP incorpore questões de julgamento situacional ou de raciocínio lógico dos alunos, favorecendo estudantes que têm pensamento crítico nato, mas que não têm uma formação tão consistente.
A prof. Belmira avaliou como positiva a sugestão e acrescentou que não está descartada uma mudança mais ampla na prova da FUVEST, sendo que é possível que, no futuro, a avaliação seja realizada até mesmo em uma só etapa, eliminando-se a segunda fase.
De todo modo, houve concordância plena entre os participantes de que, nas últimas décadas, o Ensino Médio tem sido orientado cada vez mais apenas à aprovação nos vestibulares, esvaziando seus papéis mais ampliados de formação pessoal e cidadã, e que é fundamental buscar resgatar sua essência de formação do estudante.
Educa Week 2021
Considerado o maior evento de educação básica do Brasil, em sua sexta edição, vai reunir as maiores autoridades, líderes e ativistas do país, além de especialistas internacionais (das universidades de Harvard e Stanford), durante seis dias.
A programação totaliza 36 painéis, com temas pautados nas novas demandas educacionais, geradas e impulsionadas pela pandemia.
Serão abordados aspectos pedagógicos e socioemocionais, transformações geradas no pós-pandemia, os desafios para a escola pública de qualidade, edtechs, e, ainda, como melhorar os índices educacionais no Brasil.
Serão debatidas, também, as tendências da educação no Exterior, com estudos de caso em países como Estados Unidos, China e Finlândia. Para completar, o Prêmio Destaque Educação irá reconhecer os projetos pedagógicos que transformaram para melhor a vida dos estudantes durante a pandemia. Confira a programação completa, acessando: https://educaweek.com.br/
O Educa Week é uma realização da Educational Leaders (Grupo de Líderes da Educação), em parceria com o Institute of Technology and Education (Iteduc) e SD Student Travel.
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