A Forbes brasileira publicou um alarmante pedido feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Devido à desaceleração econômica e ao aumento do trabalho flexível durante a pandemia de Covid-19, a OMS pede aos empregadores e governos que limitem as horas de trabalho a fim de proteger a saúde dos funcionários.
E não é por menos: segundo um estudo da OMS em conjunto com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), em 2016, 745 mil pessoas morreram de derrame e doenças cardíacas por trabalharem mais de 55 horas por semana. Aqueles com jornadas superiores a 55 horas por semana correm um risco 35% maior de morrer de acidente vascular cerebral e 17% de doença isquêmica do coração, quando comparados aos que trabalham de 35 a 40 horas semanais.
“As longas jornadas de trabalho representam cerca de um terço da carga potencial de doenças relacionadas ao trabalho, o que significa que são fator de risco com a maior carga no desenvolvimento de doenças ocupacionais. Isso muda o pensamento em direção a um fator de risco ocupacional relativamente novo e mais psicossocial para a saúde humana”, afirma o estudo.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor geral da OMS, alerta para a crescente tendência de aumentar as horas de trabalho no home office. “O teletrabalho tornou-se a norma em muitos setores, muitas vezes confundindo os limites entre casa e trabalho. Além disso, muitas empresas foram forçadas a reduzir ou encerrar operações para economizar dinheiro, e as pessoas que ainda estão na folha de pagamento acabam trabalhando por mais tempo”, afirmou.
O site médico Summit Saúde divulgou uma pesquisa publicada na revista cientifica Lancet, comprovando que os níveis de ansiedade, depressão e outras questões neuropsicológicas estão aumentando muito durante a pandemia de Covid-19. Segundo o artigo, o número de pessoas que relataram sintomas de estresse agudo ou crises de ansiedade mais que dobrou entre Março e Abril de 2020, enquanto os casos de depressão aumentaram 90%. Outro risco grande que os trabalhadores correm é o de desenvolver a Síndrome de Burnout.
Em um estudo feito pela ePharma, empresa especializada na gestão de planos de benefícios de medicamentos, o volume de remédios prescritos contra ansiedade, depressão e insônia cresceu 19,6% nos últimos dois meses de 2020.
Para pessoas que moram sozinhas, o trabalho remoto pode parecer bem solitário. Por outro lado, alguns outros dariam tudo para conseguir alguns minutos de silêncio, por terem que trabalhar ao mesmo tempo que lidam com crianças em aulas remotas, parceiro e demais barulhos.
Veja abaixo os principais fatores que favorece o adoecimento mental e físico de profissionais em home-office:
Uma pesquisa feita pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) alerta: as principais fontes de luz artificial as quais estamos expostos são as lâmpadas fluorescentes, telas de computador, televisão e aparelhos celulares que emitem na faixa do comprimento de onda do azul, a mais comum atualmente. Essa exposição à luz artificial por um longo período, principalmente a partir do horário em que já escureceu, é prejudicial tanto para a regulação do ritmo biológico quanto para o humor, já que essa mesma via também se comunica com o sistema límbico, uma região cerebral importante para a regulação do humor.
Por mais que a pessoa se considere “noturna” e afirme que rende mais à noite, o ritmo deve ser respeitado. Para a professora de Fisiologia da UCS, Claudia Adriana Bruscatto, o sono tem os objetivos de organizar as informações coletadas durante o dia e restaurar as fontes de energia. O principal efeito dessas alterações é o impacto sobre a capacidade mental das pessoas, afetando memória e cognição, o que gera uma maior possibilidade de se cometer erros ou de ocasionar acidentes. “A exposição à luz artificial por longo tempo, como ocorrem em fábricas, hospitais, shoppings centers e outros locais, onde os trabalhadores não têm acesso à luz natural, é outro fator que pode acarretar em prejuízo para o ritmo biológico, bem como para o humor”, ressalta.
O recomendado é sempre: durante o dia, apanhar o máximo de sol que puder, e à noite, limitar o uso de telas.
“Retirar o corpo do espaço produtivo tradicional —a fábrica ou o escritório— individualiza e descoletiviza a própria ideia do trabalho como um corpo social comum”, falou ele.
Para o advogado trabalhista Carlos Henrique Ferreira, da Ferreira Batista Advocacia, a legislação não é suficiente. “O que está previsto na CLT é muito vago e dá margem para várias reclamações trabalhistas”, afirma. “Isso levará o Judiciário a começar a ter interpretações diferentes nos Tribunais Regionais do Trabalho e virará uma bola de neve até chegar ao Tribunal Superior do Trabalho (TST)”, diz ele ao site Correio Brasiliense.