Os trabalhadores do Brasil se surpreenderam com o rendimento que deveriam ter recebido em abril. De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.676,11 no quarto mês de 2023.
Esse valor seria o sonho de milhões de trabalhadores do país que recebem bem menos que isso todos os meses. Em resumo, o valor projetado pelo Dieese é 5,13 vezes maior que o salário mínimo vigente no país (R$ 1.302).
Aliás, nem mesmo o novo valor do piso nacional, que começou a valer a partir do dia 1º de maio, aproxima-se dessa marca.
Neste mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elevou o salário mínimo para R$ 1.320. Esse reajuste aconteceu após muitas discussões, com a equipe econômica sendo contrária, mas a ala política apoiando o aumento. No entanto, o piso ainda está bem longe do ideal, segundo o Dieese.
Cabe salientar que, mesmo com o reajuste, o valor do salário mínimo ideal ficou 5,06 maior que o piso nacional vigente. No próximo levantamento do Dieese, referente a maio, as comparações serão feitas em relação ao novo salário mínimo do país.
Essas estimativas são importantes para mostrar as dificuldades que os trabalhadores do país enfrentam todos os meses. Em suma, a remuneração deveria ser capaz de suprir todas as necessidades básicas das famílias dos trabalhadores, englobando alimentação, saúde, educação, lazer, entre outros fatores.
Entretanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria.
O Dieese divulga mensalmente uma pesquisa sobre as variações dos preços dos itens que compõem a cesta básica. A partir destes dados, a entidade calcula qual seria o salário mínimo ideal, levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês.
De acordo com a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil seria aquele capaz de suprir as necessidades da população. Para definir qual seria o valor ideal para os trabalhadores do país as estimativas consideraram a cesta básica do estado de São Paulo, que foi a mais cara no mês passado.
Em síntese, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em fevereiro para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, São Paulo teve a cesta mais cara, custando R$ 794,68. A propósito, a cesta básica ficou mais cara em 14 das 17 capitais pesquisados em abril.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%.
Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 61% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.302), ou seja, o trabalhador que recebia o piso nacional em abril, e morava em São Paulo, gastou bem mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador do estado de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais da região precisaram trabalhar 134 horas e 17 minutos em abril para comprar os produtos.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o de São Paulo, chegando a 114 horas e 59 minutos. Inclusive, esse valor ficou abaixo do estado paulista porque os demais locais pesquisados tiveram cestas básicas mais baratas.
Por falar nisso, segundo dados do Dieese, a cesta básica mais barata do país foi a de Aracaju (R$ 553,89). Se essa tivesse sido a cesta básica mais cara do país em abril, o salário mínimo deveria ter sido R$ 4.653,23, valor 30,3% menor que o salário estimado em relação a São Paulo, porém, ainda muito superior ao piso nacional vigente.
Por fim, em Aracaju, o trabalhador precisou trabalhar 93 horas e 35 minutos em abril para adquirir uma cesta básica. Em resumo, a pessoa que morava na capital sergipana trabalhou 40 horas a menos do que em São Paulo para comprar essa mesma cesta básica.