Walter Braga Neto, ministro da Defesa recém-nomeado, declarou, em nota publicada no site do governo federal, que o período da ditadura militar deve ser celebrado.
O general afirmou que o período iniciado em 31 de agosto de 1964 serviu para pacificar o país e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.
O texto foi divulgado na véspera do aniversário de 57 anos do golpe militar.
Ele acaba de ser nomeado para a pasta por Jair Bolsonaro em substituição ao general Fernando Azevedo e Silva, que foi demitido na tarde da última segunda-feira (29).
A mudança gerou uma crise generalizada.
Os comandantes das Forças Armadas também pediram demissão, incomodados com a tentativa do presidente de alinhar os militares a seus projetos de governo.
Através do comunicado oficial, Walter Braga Netto afirma que “eventos ocorridos há 57 anos só podem ser compreendidos a partir do contexto da época”.
O ministro relembrou a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, dizendo que ela consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia.
O general afirmou, ainda, que o cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias.
O novo ministro da Defesa assinou a “ordem alusiva ao 31 de março de 1964” e chamou o golpe militar ocorrido há 57 anos de “movimento”.
“MINISTÉRIO DA DEFESA – Ordem do Dia Alusiva ao 31 de março de 1964.
Brasília, DF, 31 de março de 2021.
Eventos ocorridos há 57 anos, assim como todo acontecimento histórico, só podem ser compreendidos a partir do contexto da época.
O século XX foi marcado por dois grandes conflitos bélicos mundiais e pela expansão de ideologias totalitárias, com importantes repercussões em todos os países.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo, contando com a significativa participação do Brasil, havia derrotado o nazi-fascismo. O mapa geopolítico internacional foi reconfigurado e novos vetores de força disputavam espaço e influência.
A Guerra Fria envolveu a América Latina, trazendo ao Brasil um cenário de inseguranças com grave instabilidade política, social e econômica. Havia ameaça real à paz e à democracia.
Os brasileiros perceberam a emergência e se movimentaram nas ruas, com amplo apoio da imprensa, de lideranças políticas, das igrejas, do segmento empresarial, de diversos setores da sociedade organizada e das Forças Armadas, interrompendo a escalada conflitiva, resultando no chamado movimento de 31 de março de 1964.
As Forças Armadas acabaram assumindo a responsabilidade de pacificar o País, enfrentando os desgastes para reorganizá-lo e garantir as liberdades democráticas que hoje desfrutamos.
Em 1979, a Lei da Anistia, aprovada pelo Congresso Nacional, consolidou um amplo pacto de pacificação a partir das convergências próprias da democracia. Foi uma transição sólida, enriquecida com a maturidade do aprendizado coletivo. O País multiplicou suas capacidades e mudou de estatura.
O cenário geopolítico atual apresenta novos desafios, como questões ambientais, ameaças cibernéticas, segurança alimentar e pandemias. As Forças Armadas estão presentes, na linha de frente, protegendo a população.
A Marinha, o Exército e a Força Aérea acompanham as mudanças, conscientes de sua missão constitucional de defender a Pátria, garantir os Poderes constitucionais, e seguros de que a harmonia e o equilíbrio entre esses Poderes preservarão a paz e a estabilidade em nosso País.
O movimento de 1964 é parte da trajetória histórica do Brasil. Assim devem ser compreendidos e celebrados os acontecimentos daquele 31 de março.”