Imagine que você trabalha em um estabelecimento comercial e recebe o pedido de entrega de um policial, que pede o envio de um Pix. A história pode parecer estranha em um primeiro momento, mas já fez dezenas de vítimas no estado de Pernambuco nas últimas semanas. Na maioria dos casos, os golpes atingem entregadores.
Como funciona o golpe
O golpe em questão funciona basicamente a partir de uma solicitação de entrega feita por um policial. A quadrilha pega imagens da internet e cria um perfil fake do servidor da segurança pública e envia o pedido para um determinado estabelecimento comercial.
Normalmente, os pedidos são grandes como 50 sanduíches ou 10 pizzas, por exemplo. A justificativa é de que toda a comida servirá de alimentação para uma determinada delegacia. Diante da explicação, pouca gente tende a desconfiar e prepara o pedido normalmente.
No processo de entrega, a quadrilha usa o perfil fake do policial para pedir favores ao entregador. Em alguns casos, eles pedem para que o cidadão faça um pix para ajudar em algum procedimento e adicione o valor aos pedidos para que ele pague em espécie quando chegar a delegacia.
Quando o entregador chega até o ponto indicado, percebe que ninguém naquela determinada delegacia fez solicitação de comida, e muito menos a realização de Pix. Já há casos como estes registrados em várias grandes cidades de Pernambuco, como é o caso de Petrolina, por exemplo.
O caso de Petrolina
Nesta semana, o portal de notícias Uol publicou uma matéria exemplificando um dos casos que ocorreu na cidade de Petrolina, em Pernambuco. Um suposto perfil de um delegado fez um pedido de 10 pastéis, seis águas e um refrigerante. Em seguida, o entregador saiu para realizar a entrega.
No meio do caminho, o suposto delegado enviou uma mensagem ao entregador afirmando que precisava de troco para uma nota de R$ 200. Logo depois, ele pediu uma série de favores, como passar na farmácia e comprar luvas e fazer um Pix no valor de R$ 50 para a filha do delegado.
O entregador, que não revelou seu nome, disse que desconfiou do pedido, mas como acreditava se tratar de um delegado, confiou. Ele realizou o Pix e, mesmo desconfiado, foi até a delegacia fazer a entrega. No endereço, existia mesmo um posto policial, mas os agentes disseram que ninguém fez o pedido.
Como estava em uma delegacia, o entregador aproveitou para registrar uma queixa. “Já que estava lá, fiz logo o B.O”, disse o trabalhador. A lanchonete vai arcar com o prejuízo das entregas, e o trabalhador vai ficar com prejuízo dos favores feitos para a quadrilha no meio do caminho.
Golpe do Pix
A Polícia Civil do estado de Pernambuco afirma que instaurou inquéritos para apurar o uso de fotos de servidores públicos em golpes desta natureza.
A PC diz ainda que três pessoas que participaram destes golpes já foram identificadas na cidade de Ipojuca, também em Pernambuco.
Eles deverão passar pelo julgamento pelos crimes de estelionato e associação criminosa. As penas podem chegar a oito anos de prisão.