O novo Bolsa Família pode acabar sacrificando algumas áreas da economia. O problema não seria o programa em si, mas os projetos que abririam caminho para o benefício. Quem disse isso foi o Senador Angelo Coronel (PSD-BA) logo depois de sair de uma reunião com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta segunda-feira (27).
Coronel é nada menos do que o relator da proposta de Reforma do Imposto de Renda no Senado Federal. Esse texto já passou pela aprovação da Câmara dos Deputados. De acordo com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, esse documento seria fundamental para que o Governo consiga pagar um Bolsa Família turbinado.
“Tecnicamente, há espaço (para o Auxílio Brasil). Agora, evidente que você vai ter que sacrificar algumas áreas da economia. São esses prejuízos que vamos avaliar, quantificar, para ver se há necessidade de essa reforma ser aprovada com tanta celeridade”, disse Coronel logo depois do encontro com Paulo Guedes.
Isso tudo pode indicar que o projeto deve demorar mais um tempo no Senado Federal. E isso é tudo o que o Governo Federal não quer que aconteça. De acordo com informações de bastidores, há inclusive uma certa pressão para que o Presidente da casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) paute essa ideia o mais rapidamente possível.
Em tese, o Governo Federal tem pouco mais de um mês para conseguir aprovar pelo menos uma parte desses textos. Os pagamentos do Auxílio Brasil devem começar em novembro. Mas a preocupação está no final do ano. É que essa é justamente a época em que os trabalhos costumam ficar mais lentos no Congresso Nacional.
Na última semana, Guedes, Lira e Pacheco se encontraram para uma conversa sobre esse assunto. E pelas entrevistas depois do encontro, os três estavam bem confiantes de que conseguiriam adiantar todos esses documentos.
A ideia dos três foi fazer algumas mudanças dentro da PEC dos precatórios. Esse é outro texto que o Congresso precisa aprovar para validar o Bolsa Família a partir do próximo ano. Só que nada está certo ainda.
Alguns parlamentares estão dizendo que os projetos de Guedes seriam uma espécie de pedalada fiscal. Pacheco e Lira não concordam com isso. O Presidente do Senado disse que se trata de uma “ideia inteligente”.
Mesmo diante desse cenário de suposto apoio, o Ministro da Economia vem tentando fazer pressão sobretudo no Senado Federal. É que ele acredita que essa casa precisa agilizar os trabalhos para que o tenham tempo hábil para aprovar o novo Bolsa Família.
“Se botar na gaveta (o projeto de Reforma do Imposto de Renda), na verdade ele está dizendo ao povo brasileiro que não está preocupado com o Bolsa Família”, disse o Ministro Paulo Guedes depois desse encontro com o relator.
O plano do Governo Federal, aliás, é conseguir abrir espaço dentro do teto de gastos para conseguir aumentar o tamanho do Bolsa Família. A ideia é que o valor médio do programa suba de R$ 189 para algo em torno de R$ 300.