Nesta quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou sobre um novo aumento na taxa básica de juros da economia (Selic). O aumento implementado pelo Copom foi de 1 por percentual, dessa forma aumentando a taxa de 4,25% para 5,25% ao ano.
A Selic é a taxa que baseia todos os juros do Brasil, com o aumento dela, sobem igualmente os rendimentos da renda fixa, isso significa que as aplicações básicas voltam devagar a demonstrar sinais de melhoras. Esse cenário se dá após um ano em que a taxa Selic sofreu uma grande queda para 2% e os rendimentos da renda fixa perderam totalmente a atratividade.
Com a alta na Selic e o valor da taxa chegando a 5,25%, o tempo médio para que o valor investido em uma aplicação básica que acompanhe a Selic dobre caiu para 13 anos e dez meses. Os cálculos foram realizados pelo economista Luiz Felippo, analista e sócio da Nord Research, cujo pedido de cálculo e autor da matéria de divulgação foi o CNN Business, da CNN Brasil.
Esse é o caso de investimentos no Tesouro Selic, por exemplo, um título público que paga exatamente o valor da taxa, o CDBs e os fundos DI, também são um bom exemplo, os fundos acompanham o CDI, que é outra taxa do sistema bancário que anda junto com a Selic.
Isto quer dizer que o tempo para aumentar as aplicações já caiu para menos da metade se for comparado ao pior momento, quando a Selic estava a 2%, e eram precisos praticamente 37 anos para que o investimento dobrasse de tamanho.
Acompanhe o prazo necessário que se dobre o valor com investimentos baseados na taxa Selic em diferentes momentos do Brasil:
Selic ao ano | Prazo para dobrar o valor |
14,25% (2015-2016) | 5,2 anos |
2% (2020-2021) | 36,8 anos |
5,25%(2021) | 13,8 anos |
Os cálculos levaram em conta o CDI, que flutua juntamente com a Selic, sempre estando cerca de 0,1% abaixo da taxa, por exemplo, para o caso de uma taxa Selic de 5,25%, o CDI se encontra próximo de 5,15%.
As contas também levam em consideração os rendimentos brutos, as aplicações principais de renda fixa, como títulos públicos, CDBs e fundos, têm ainda desconto de imposto de renda sobre os ganhos.
Além disso, os números apenas são usados como referência do potencial da renda fixa, considerando que as aplicações que são acompanhadas pela Selic e pelo CDI são pós-fixadas, isso significa que o rendimento delas varia conforme o tempo: a remuneração ficará maior ou menor conforme a Selic aumenta ou diminui.
Os aumentos recentes sofridos pela Selic não foram capazes de reverter o fenômeno que virou rotina do rentismo brasileiro no último ano de juros baixíssimos: o fenômeno dos juros reais negativos, eles são a remuneração final já tendo sido descontada a inflação.
O aumento dos preços foi mais veloz do que o dos juros, com isso o rendimento real da Selic e do CDI ainda estão negativos. Nos 12 meses contados até junho, a inflação no Brasil chegou a 8,3%, ainda muito acima dos 5,25% da Selic.
Efetivamente, isso significa que, na média, os preços estão subindo em velocidade mais acelerada do que o rendimento da renda fixa, e que, no fim, o dinheiro aplicado tem poder de compra menor do que antes, mesmo se for considerado o que conseguiu render.
Até o fim de 2021, os economistas preveem uma inflação entre 6% e 7%, jogando a disputa com a Selic para os decimais, que deve continuar subindo também até alcançar o patamar dos 7% até o fim do ano.