A recente decisão da BYD de estabelecer um complexo de fábricas em Camaçari, Bahia, para a produção de veículos híbridos e elétricos não apenas marca um passo significativo para a montadora chinesa, mas também promete trazer vantagens competitivas para um futuro concorrente: a Stellantis.
Antonio Filosa, presidente da Stellantis para a América do Sul, expressou sua aprovação em relação à nova unidade fabril que está prestes a se instalar na Bahia. Assim, essa localização é especialmente relevante, uma vez que ela ocupa o mesmo endereço que já foi ocupado pela Ford, cuja fábrica em Camaçari encerrou suas operações em 2021.
Contudo, a saída da Ford não apenas fechou as portas da fábrica, mas também teve um impacto mais amplo, afetando os fornecedores de autopeças que anteriormente atendiam à montadora norte-americana.
Desse modo, esse revés não só afetou os fornecedores, mas também gerou dificuldades financeiras para muitos deles. No entanto, é importante notar que muitos desses fornecedores eram parte da cadeia de suprimentos da Stellantis, que atualmente produz modelos como Ram Rampage, Fiat Toro, Jeep Renegade, Compass e Commander em Goiana, Pernambuco.
A expectativa de Filosa é que a chegada da BYD reverta esse cenário, trazendo de volta os fornecedores antigos e atraindo novos. Dessa forma, a revitalização da cadeia de fornecedores não apenas aliviaria a pressão sobre a produção da Stellantis, mas também fortaleceria a competitividade regional como um todo.
A BYD está atualmente em negociações para determinar os parceiros que irão colaborar na produção de componentes para seus veículos em Camaçari. Desse modo, esse passo crucial envolve a fabricação local de peças destinadas aos sistemas híbridos e elétricos dos veículos da BYD.
Cassio Pagliarini, um ex-executivo da Ford e agora consultor, ressalta a importância de fortalecer a presença de fornecedores na região nordeste do Brasil. Ele relembra que durante sua atuação na Ford, havia 28 fornecedores operando no parque de Camaçari, muitos dos quais investiram significativamente em suas instalações.
Desse modo, a conexão com a Stellantis é natural, uma vez que esses fornecedores precisam buscar novas oportunidades após a saída da Ford. Pagliarini também observa que a produção no Nordeste enfrenta desafios logísticos tanto para a entrada de componentes quanto para a saída de veículos finalizados. Portanto, a capacidade de escoar produtos dentro da região tem um impacto positivo tanto para os fornecedores quanto para as montadoras.
De modo geral, a decisão da BYD de estabelecer sua fábrica de veículos híbridos e elétricos em Camaçari, Bahia, não é apenas um movimento estratégico para a montadora chinesa, mas também uma oportunidade valiosa para a Stellantis reforçar sua cadeia de suprimentos e impulsionar a competitividade regional.
Visto que com a promessa de atrair fornecedores antigos e novos, a parceria entre as duas montadoras possui o potencial de criar um ambiente mais robusto e sustentável para a indústria automobilística no Nordeste do Brasil.
A instalação da fábrica da BYD em Camaçari irá gerar um fluxo significativo de empregos diretos e indiretos na região. Pois desde engenheiros e técnicos de produção até equipes de logística e administrativas, a operação da fábrica demandará uma força de trabalho diversificada e qualificada.
Além disso, a presença da fábrica também estimula a criação de oportunidades de trabalho em setores relacionados, como transporte, alimentação e serviços de suporte. Desse modo, essa ação impacta a economia de modo geral.