O Naturalismo foi um movimento artístico cultural ligado às artes plásticas, literatura e teatro. O movimento nasceu na França, na segunda metade do século XIX. O Naturalismo foi um movimento de radicalização e extensão do Realismo.
O Naturalismo nasceu após a publicação do livro “O Romance Experimental”, em 1880, pelo escritor Émile Zola. Esse livro foi considerado um manifesto literário desse movimento.
Outro titulo de Émile Zola que merece destaque é “Germinal”, lançado em 1885. Nesse livro, o autor fala sobre as péssimas condições de vida dos funcionários que trabalhavam em uma mina de carvão na França.
As obras do Naturalismo traziam temas como: miséria, violência, crimes, patologias humanas, sexualidade, adultério, dentre outros.
Aluísio de Azevedo foi o primeiro escritor brasileiro a escrever uma obra no estilo naturalista, no Brasil. O romance “O mulato” tem como o tema principal o preconceito racial.
Outra obra de Aluísio de Azevedo que merece destaque é “O Cortiço”, elaborada em 1890. O autor abordou nesse livro a realidade brasileira do século XIX, através das relações e o comportamento dos personagens.
Os escritores brasileiros que utilizaram a linguagem do naturalismo estavam preocupados em relatar os problemas da realidade social, política e econômica. Por isso, muitos abordavam assuntos relacionados à abolição da escravatura no Brasil.
O Naturalismo, influenciado pelas leis científicas, se firmou ao tratar o homem como um objeto a ser cientificamente estudado, se desfazendo de qualquer resquício da literatura romântica. Nos textos a realidade é retratada de forma verdadeira, sem efeitos.
A linguagem simples é usada para que o leitor compreenda com exatidão as descrições feitas pelo narrador.
Veja abaixo as principais características do Naturalismo:
Os principais escritores estrangeiros do Naturalismo foram:
Esse escritor marcou o começo da literatura francesa com a obra “Madame Bovary”, esse livro falava sofre amor e outros assuntos do cotidiano. Gustave Flaubet também falava sobre infidelidade e suas possíveis consequências a quem o cometesse.
Principais obras: “A Educação Sentimental” e “Salambô”, além do conto “Trois Sontes”.
Escritor francês, Émile Zola é o fundador movimento naturalista.
Principais obras: “Germinal”, “Como se casa, Como se morre”, “O Paraíso das Damas”, “J’accuse a Verdade em Marcha”, “A Besta Humana”.
Thomas Hardy escreveu livros de grande importância social, que resgatavam um pessimismo radical em seus romances.
Principais obras: “A Bem-Amada”, “Judas”, “O Obscuro”.
Foi um escritor italiano. Verga era um dos grandes nomes da corrente literária do verismo.
Principal obra: “Los Malavoglia”.
Além Aluísio de Azevedo outros autores se destacaram no Naturalismo Brasileiro:
É um dos principais representantes do movimento naturalista no Brasil, ele também é conhecido por falar sobre temas polêmicos como: violência, perversão, crimes e tragédias e homossexualidade.
Principais obras: “A Normalista” e “Bom Criolo”
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Principais obras: “O Coronel Sangrado” e “O Missionário”
Escritor do Rio de Janeiro.
Principal obra: “O Ateneu”
Romancista, crítico literário, jurista, ensaísta, tradutor, poeta e professor.
Principal obra: “A Noiva”
O Naturalismo sempre é associado ao Realismo, outro movimento literário cuja preocupação era fazer da literatura um instrumento de análise social, e não uma diversão para os mais ricos.
Os escritores que participavam do movimento tinham como objetivo examinar o comportamento humano e social, em uma tarefa que se aproximava das frias e impessoais experiências de laboratório.
Veja a seguir os principais elementos que diferem a linguagem naturalista da linguagem realista:
Determinismo: essa teoria filosófica afirma que as escolhas e ações humanas acontecem por relações de causalidade, e não pelo livre-arbítrio. Os seres não possuem vontades, são apenas fantoches nas mãos do destino:
“— É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha!
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, desembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois embarcou para a frente, rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue (…)”.
O cortiço – Aluísio Azevedo
Preferência por temas de patologia social: segundo a concepção naturalista, o homem é apenas um animal cujo destino é definido pelo meio ambiente e pela hereditariedade. Outros aspectos, como a educação e o nível cultural, também são vistos como responsáveis pela formação do caráter do homem:
“(…) Não era a inteligência nem a razão o que lhe apontava o perigo, mas o instinto, o faro sutil e desconfiado de toda fêmea pelas outras, quando sente seu ninho exposto (…)”.
O cortiço – Aluísio Azevedo
Objetivismo científico e impessoalidade: é característica da linguagem naturalista a impessoalidade e a objetividade com que os fatos são relatados. Só são consideradas situações descritas detalhadamente com linguagem simples e direta.
“A Bruxa surgiu à janela da sua casa, como à boca de uma fornalha acesa. Estava horrível; nunca fora tão bruxa. O seu moreno trigueiro, de cabocla velha, reluzia que nem metal em brasa; a sua crina preta, desgrenhada, escorrida e abundante como as das éguas selvagens, dava-lhe um caráter fantástico de fúria saída do inferno. E ela ria-se, ébria de satisfação, sem sentir as queimaduras e as feridas, vitoriosa no meio daquela orgia de fogo, com que ultimamente vivia a sonhar em segredo a sua alma extravagante de maluca.”
O cortiço – Aluísio Azevedo