Se depender do vice-presidente Hamilton Mourão, o Brasil já pode contar com o aumento do valor do Bolsa Família. Em entrevista nesta quarta-feira (20), ele criticou o mercado por se meter na questão do patamar dos programas sociais do Governo. E disse ainda que o Palácio do Planalto não poderia “ser escravo” desses interesses.
“Não podemos ser escravos do mercado. A questão social é uma responsabilidade do governo, e não do mercado. Apesar de algumas doutrinas dizerem que o mercado resolve tudo, não é bem assim que ocorre. Acho que, se houver uma transparência total na forma como o gasto vai ser executado, e de onde vai vir o recurso, acho que o mercado não vai ficar agitado por causa disso”, disse o vice-presidente.
Mourão defende que não há qualquer tipo de problema em pegar dinheiro de fora do teto de gastos para ajudar as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade neste momento. Ele voltou a defender o Presidente Jair Bolsonaro. Os dois estão em posições distantes no meio político neste momento.
Pelas informações que vazaram para a imprensa, o plano do Governo Federal é subir o valor do Bolsa Família para R$ 400 a partir de novembro. Sendo que R$ 300 seria a base dos repasses. Esse dinheiro viria de dentro do teto de gastos públicos. Pelo menos é isso o que se sabe até aqui.
Os outros R$ 100 seriam uma bonificação temporária. Isso quer dizer, portanto, que o Governo Federal não teria mais a obrigação de manter essa segunda despesa dentro do teto de gastos públicos. O plano, portanto, seria pegar algo em torno de R$ 50 bilhões fora do orçamento para os pagamentos do bônus do projeto em 2022.
Por outro lado, alguns economistas alegam que o problema não é o aumento do Auxílio Brasil em si, mas a forma como ele estaria sendo feito. É que muita gente acredita que isso só está acontecendo por conta da pressão do Centrão.
É que ao pegar dinheiro de fora do teto de gastos, o Governo Federal passaria a ter um espaço maior dentro do Orçamento para 2022. E isso poderia ser, portanto, uma boa notícia para esse Centrão que estaria de olho nas emendas parlamentares.
De qualquer forma, vale lembrar que tirando a fala de Bolsonaro nesta terça-feira (19), tudo o que se sabe sobre o tema vem de informações de bastidores, o Palácio do Planalto pretende fazer um anúncio para esclarecer detalhes sobre o tema em breve.
Hoje, de acordo com informações do Ministério da Cidadania, que é a pasta que responde pelo Bolsa Família, o programa em questão atende algo em torno de 14,6 milhões de pessoas. São brasileiros em situação de pobreza ou de extrema pobreza.
Já o Auxílio Emergencial atende cerca de 35 milhões de cidadãos. Aqui, também se toma como base os números do Ministério da Cidadania. São pessoas que estão em situação de vulnerabilidade, além de informais com dificuldade de conseguir alguma renda na pandemia.
Esses dois programas deverão chegar ao fim ainda no final deste mês de outubro. No lugar dos dois vai entrar o Auxilio Brasil. O que se sabe até aqui é que muito provavelmente esse novo benefício não vai ter espaço para todo mundo que precisa de dinheiro neste momento.