O ministro do Empreendedorismo, Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), voltou a falar nesta semana sobre a nova fase do Desenrola. Trata-se do programa do governo federal que ajuda no processo de negociação das dívidas dos brasileiros.
De acordo com França, a ideia é atender cerca de 8 milhões de empresas e de microempresas na nova etapa de negociação de dívidas. O microempreendedores individuais, mais conhecidos como MEIs, por exemplo, poderão participar do sistema nesta nova fase.
Nas contas do ministro, o Brasil conta hoje com seis milhões de MEIs que, de alguma forma, possuem problemas com o governo porque não pagam os valores mensais, ou porque estão em situação de inadimplência por algum motivo.
“O presidente Lula me encomendou algumas tarefas, dentre as quais criar um Desenrola específico para pessoa jurídica. O Haddad está muito otimista com relação aos números e a gente acho que nesse primeiro trimestre já tem condição de fazer alguma coisa para isso”, disse França.
A ideia de criar um “Desenrola” para empresas foi inicialmente defendida publicamente pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. De todo modo, de lá até aqui quase nada saiu do papel sobre o tema.
Embora ainda não exista uma data para o início das atividades do novo Desenrola, França sinalizou que o seu plano é começar a liberar as negociações já a partir do próximo mês de março.
Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que o Brasil conta com mais de 6,6 milhões de companhias endividadas neste momento. Em um nível de comparação, estamos falando de 300 mil empresas a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
O mesmo levantamento indica que estes são os setores que registram mais empresas endividadas neste momento:
“Um ciclo de elevação da inadimplência acaba tornando os bancos mais seletivos e rigorosos na concessão de crédito. O crédito encarece, os spreads bancários aumentam, a economia começa a patinar e pode até mesmo entrar em recessão”, explica o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
“Programas de resgate financeiro são bons desde que pessoas não sejam endividadas compulsivas e que empresas tenham viabilidade econômica. Então você resgata uma empresa que mantém empregos, você salva a empresa e salva empregos”, explica o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), Fábio Pina.
A versão original do Desenrola Brasil foi lançada pelo governo federal ainda em 2023. A ideia do programa é ajudar as pessoas endividadas no processo de negociação das suas dívidas, junto aos seus credores. Ao limpar o nome dos cidadãos, o governo espera retomar o potencial de consumo destas pessoas.
Inicialmente, o programa foi criado para durar até o final do ano de 2023. Contudo, o Ministério da Fazenda optou por estender o prazo de negociação para a Faixa 1 por mais três meses. Assim, o Desenrola para pessoas físicas permanecerá ativo, pelo menos, até o final de março de 2024.
Estima-se que mais de 1 milhão de débitos tenham sido totalmente negociados através do sistema do Desenrola. Os débitos que somaram R$ 2,1 bilhões acabaram sendo quitados por pouco mais de R$ 262 milhões.
Em números absolutos, o governo federal estima que cerca de 590 mil brasileiros de todas as regiões do país aproveitaram a oportunidade para limpar o nome, e negociar as suas dívidas junto aos bancos, e outros credores.
“O desempenho sinaliza a confiança e aceitação da plataforma Desenrola por parte dos usuários, que encontram nela uma solução eficaz para a gestão financeira. Além disso, esses resultados refletem o potencial do programa de oferecer caminhos viáveis e sustentáveis para que a população brasileira volte a ter crédito”, diz o governo federal.