Um dos programas mais aguardados por boa parte dos brasileiros, o Desenrola das empresas parece ter dado mais um passo nesta quarta-feira (17). Isso porque o tema foi debatido em uma reunião no Palácio do Planalto entre o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
França parece ter saído bastante otimista do encontro. Ele conversou com jornalistas, e disse que a sua previsão é lançar o Desenrola para empresas ainda no primeiro trimestre de 2024. Vale lembrar que esta ideia está sendo ventilada no governo federal desde novembro do ano passado.
“O presidente Lula, ontem, me encomendou algumas tarefas, dentre as quais criar um Desenrola específico para pessoa jurídica. O Haddad está muito otimista com relação aos números e a gente acho que nesse primeiro trimestre já tem condição de fazer alguma coisa para isso”, disse França.
Também em conversa com jornalistas, França frisou que a medida poderia ajudar mais de 7 milhões de microempreendedores individuais, os MEIs.
A ideia de criar um “Desenrola” para empresas foi inicialmente defendida publicamente pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. De todo modo, de lá até aqui quase nada saiu do papel sobre o tema.
Empresas endividadas
Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian mostram que o Brasil conta com mais de 6,6 milhões de companhias endividadas neste momento. Em um nível de comparação, estamos falando de 300 mil empresas a mais em relação ao mesmo período do ano passado.
O mesmo levantamento indica que estes são os setores que registram mais empresas endividadas neste momento:
- Serviços 54,4%;
- Comércio 36,7%;
- Indústria 7,6%;
- Primário 0,9%;
- Outros 0,4%.
“Um ciclo de elevação da inadimplência acaba tornando os bancos mais seletivos e rigorosos na concessão de crédito. O crédito encarece, os spreads bancários aumentam, a economia começa a patinar e pode até mesmo entrar em recessão”, explica o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.
“Programas de resgate financeiro são bons desde que pessoas não sejam endividadas compulsivas e que empresas tenham viabilidade econômica. Então você resgata uma empresa que mantém empregos, você salva a empresa e salva empregos”, explica o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), Fábio Pina.
Desenrola
A versão original do Desenrola Brasil foi lançada pelo governo federal ainda em 2023. A ideia do programa é ajudar as pessoas endividadas no processo de negociação das suas dívidas, junto aos seus credores. Ao limpar o nome dos cidadãos, o governo esperar retomar o potencial de consumo destas pessoas.
Inicialmente, o programa foi criado para durar até o final do ano de 2023. Contudo, o Ministério da Fazenda optou por estender o prazo de negociação para a Faixa 1 por mais três meses. Assim, o Desenrola para pessoas físicas permanecerá ativo, pelo menos, até o final de março de 2024.
Estima-se que mais de 1 milhão de débitos tenham sido totalmente negociados através do sistema do Desenrola. Os débitos que somaram R$ 2,1 bilhões acabaram sendo quitados por pouco mais de R$ 262 milhões.
Em números absolutos, o governo federal estima que cerca de 590 mil brasileiros de todas as regiões do país aproveitaram a oportunidade para limpar o nome, e negociar as suas dívidas junto aos bancos, e outros credores.
“O desempenho sinaliza a confiança e aceitação da plataforma Desenrola por parte dos usuários, que encontram nela uma solução eficaz para a gestão financeira. Além disso, esses resultados refletem o potencial do programa de oferecer caminhos viáveis e sustentáveis para que a população brasileira volte a ter crédito”, diz o governo federal.
Novas informações sobre o “Desenrola das Empresas” devem ser divulgadas dentro de mais algumas semanas.