Dados da consultoria IDC Brasil apontam que o mercado brasileiro de celulares cresceu 3% no primeiro trimestre de 2021. Neste período, foram vendidos 11,87 milhões de dispositivos, sendo 11,16 milhões de smartphones e 706 mil feature phones, como são chamados os celulares mais simples e parecidos com os modelos dos anos 2000.
O crescimento tímido do mercado mostra que o cenário não é de otimismo. O mercado de tecnologia sofre com os problemas de restrição e a distribuição de componentes para a fabricação de dispositivos. Isso impacta diretamente no preço do produto final devido à demanda dos consumidores ser maior do que a disponibilidade.
Segundo a IDC, prevendo a falta de componentes, alguns fabricantes anteciparam o abastecimento nos canais e aumentaram o nível de estoques. Mas isso não se traduz automaticamente em vendas para o consumidor, já que também há o problema econômico no Brasil, que tem alta taxa de desempregados e inflação.
O preço, inclusive, refletiu no crescimento dos feature phones, que são mais baratos que os smartphones. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a categoria cresceu 23%. A IDC diz que os fabricantes desse segmento investiram pesado nos canais, especificamente em feature phones nas regiões Norte e Nordeste.
No entanto, a IDC garante que isso é algo pontual devido à recessão econômica do país, pois tudo reforça que features phones vêm perdendo espaço para os smartphones.
Enquanto as vendas cresceram apenas um dígito, a receita da venda de celulares alcançou R$ 19 bilhões no primeiro trimestre de 2021. O número representa um crescimento de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Desse montante, R$ 18,9 bilhões referem-se à venda de smartphones e R$ 125,5 milhões de feature phones.
Como explicado anteriormente, a escassez de componentes encareceu os aparelhos e, além disso, também tem o aumento considerável do dólar. Com isso, quem quis comprar um novo celular precisou desembolsar mais.
Outro fator que contribuiu para o aumento da receita foi o maior investimento do brasileiro em aparelhos mais caros. Entre janeiro e março, os dispositivos chamados low end (de até R$ 700) perderam mercado para a faixa intermediária, de R$ 700 a R$ 2 mil. No mesmo período, os modelos premium também cresceram 53%. A IDC considera que, como o celular está mais caro, o consumidor prefere migrar para produtos mais robustos na busca por um dispositivo com vida útil mais longa.
O mercado cinza, que são as vendas de aparelhos importados por consumidor final ou pequenos distribuidores sem autorização dos fabricantes, teve uma queda de 27%, segundo a IDC. Foram 832,8 mil smartphones vendidos no primeiro trimestre. Dessa forma, esse é o segundo trimestre consecutivo de queda de dois dígitos no mercado não oficial.
Como esse tipo de venda não costuma ter nota fiscal, a arrecadação do imposto é mínima. Segundo a IDC, a estimativa para 2021 é que aproximadamente 4 milhões de celulares sejam vendidos no mercado cinza. Seriam cerca de R$ 6 bilhões que o País deixa de arrecadar.
Para o mercado oficial de celulares, a perspectiva para 2021 é de crescimento de 0,7% nas vendas de smartphones e de queda de 2% para a operação de feature phones. Para chegar neste número, a IDC considerou a escassez de componentes e a saída da fabricante LG do País, que contava com uma participação de 10% no mercado.
A IDC também divulgou o crescimento do mercado de tablets. No mesmo período, foram vendidos mais de 1 milhão de dispositivos, aumento de 52,3%. O número foi puxado pelo setor corporativo, mais especificamente a educação. Só a Prefeitura de São Paulo comprou tablets o suficiente para fazer o setor corporativo crescer 607% na comparação ano a ano. Os dispositivos foram distribuídos para os alunos da rede municipal de educação.
Separando em segmentos, 675 mil tablets foram vendidos no varejo para consumidores finais e 351 mil para o corporativo. Em receita, foram R$ 572,2 milhões e R$ 391,9 milhões, respectivamente. O setor como um todo teve receita de R$ 964,2 milhões, alta de 149,5% em relação ao mesmo período do ano passado.