O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta quarta-feira (09/08), no último dia da Cúpula da Amazônia, criticou o chamado “neocolonialismo verde” na região. Todavia, ele apoiou a simplificação de financiamentos internacionais destinados a projetos de sustentabilidade, durante seu discurso de encerramento do encontro.
A princípio, Lula afirmou que “Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que, sob o pretexto de proteger o meio ambiente, impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias e desconsidera nossos marcos normativos e políticas domésticas“. Ele diz que é preciso um salto qualitativo através de financiamentos a longo prazo.
Ademais, para o presidente, esses financiamentos internacionais não devem apresentar nenhuma condicionalidade, em relação a projetos de infraestrutura e industrialização, considerados “verdes”. Vale ressaltar que não houve a transmissão do discurso de Lula e sim o envio e distribuição à diversas mídias pelo Palácio do Planalto.
Desse modo, o presidente fez uma declaração para a imprensa no encerramento da Cúpula da Amazônia. Na manhã desta quarta-feira, Lula se reuniu com países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e à tarde deve ter reuniões bilaterais com o presidente da República Democrática do Congo e com a República do Congo.
Analogamente, os países participantes da OTCA, são aqueles que possuem uma parte da floresta Amazônica em seu território. Neste caso, são o Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. A República do Congo, a República Democrática do Congo, e a Indonésia também integram a Cúpula.
Deve-se observar que esses países participantes, possuem em seu território, grandes reservas de florestas tropicais. Além destes, a Noruega e a Alemanha, que contribuem para o Fundo Amazônia, estavam presentes. Lula diz que esses países com florestas tropicais, ex-colônias, herdaram um modelo econômico predatório.
Em suma, para o presidente, era um modelo de exploração de recursos naturais irracional baseados na escravidão, e na exclusão das populações. Ele defende que países ricos financiem projetos de conservação do meio ambiente, em territórios onde existam florestas. Lula mencionou o Fundo Global para o Meio Ambiente.
A crítica de Lula em relação ao Fundo Global para o Meio Ambiente, se deve ao fato de que os países amazônicos dividem entre si as suas cadeiras, enquanto que os países mais ricos possuem cadeiras próprias. O presidente diz que é preciso lutar contra a falta de representatividade e realizar uma reforma da governança global.
Dessa maneira, Lula, durante seu discurso de encerramento da cúpula, defendeu que os países amazônicos se unam em torno de um bem comum. Ele diz que “Se não agirmos agora, não vamos atingir a meta de evitar que a temperatura suba mais que um grau e meio em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial”.
Enfim, o presidente afirma que a declaração assinada na Cúpula da Amazônia será o primeiro passo para que se chegue a uma posição comum na COP 28, Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas que será realizada ainda em 2023. O foco do presidente é na COP 30, em Belém, no ano de 2025.
O governo brasileiro foi o responsável pela organização da Cúpula da Amazônia, com o objetivo principal de fortalecer a OTCA. Vale ressaltar que este é o único expediente internacional em que o Brasil é sede. Sendo assim, ele procura fomentar o desenvolvimento sustentável neste setor, discutido em todo o mundo.
Logo no primeiro dia da Cúpula da Amazônia, Lula solicitou o apoio de prefeitos e governadores, de modo que fosse garantido o cumprimento de uma meta relacionada ao desmatamento zero na região até o ano de 2030. De acordo com o presidente, é uma necessidade urgente desenvolver a cooperação entre os países.
No primeiro dia da Cúpula da Amazônia, os oito países participantes assinaram a declaração de Belém e estabeleceram uma agenda entre eles para que haja uma maior defesa da floresta amazônica. Dessa forma, espera-se que seja criada, em um futuro próximo, a Aliança Amazônica de Combate ao Desmatamento.
Em conclusão, os países participantes do encontro consideraram a cobrança de nações mais desenvolvidas para que elas cumpram seus deveres de apresentarem recursos financeiros para regiões em desenvolvimento. Sendo assim, será possível combater os efeitos das mudanças climáticas, consequência da emissão de CO2.