Uma cerimônia comemorativa de programas de microcrédito produtivo e orientado do Banco do Nordeste (BNB) ocorreu em Fortaleza nesta sexta-feira (1º). Durante o evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar os juros dos bancos no Brasil, também criticando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Vamos continuar brigando”, afirmou Lula.
Confira a seguir o que disse Lula: “É por isso que nós vamos continuar fazendo crédito e vamos fazer cada vez mais. Não pense que acho que o juro está baixo. O juro ainda está alto porque 2,16 ao mês é muita coisa, dá quase 30% ao ano, porque é juro sobre juro. Acho que vamos baixar ainda. Obviamente que nós também não queremos quebrar o banco, porque o banco tem que dar o lucro. Se quebrar, vai ser muito pior pra nós – além de ficarmos devendo, não temos o banco para emprestar.”
O presidente também afirmou que a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Basa, o BNB e o BNDES só possuem sentido se fizerem coisas diferentes do que os bancos privados. “Se for pra fazer igual não precisa existir” disse.
“Temos que ter dinheiro para investir e dinheiro para ser investido a juros baratos. Por isso é que o cidadão do Banco Central precisa saber que ele é presidente do Banco Central do Brasil e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil e que precisa baixar os juros”, completou.
Lula relembrou que Roberto Campos Neto foi indicado ao cargo de presidente do Banco Central durante o governo de Jair Bolsonaro, sendo que o BC atua de forma autônoma. Para ele, não existe mais interferência da Presidência da República, dizendo que irá chamar Campos Neto para conversar. “Quem o indicou não fez coisas boas nesse país”, disse o presidente, se referindo a Bolsonaro.
Nesta quinta-feira (31), durante um evento em Teresina, no Piauí, Lula afirmou que a desoneração de receitas do governo federal também deve beneficiar os trabalhadores, e não apenas os empresários. Além disso, o presidente disse que medidas desse tipo devem prever o impacto nos demais entes federativos, principalmente nos municípios.
Lula também falou sobre um Projeto de Lei, o qual prorroga a desoneração da folha de pagamentos. A prorrogação seria até o dia 31 de dezembro de 2027, afetando 17 setores da economia brasileira. O projeto em questão foi aprovado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (30).
“Cada vez que for discutida desoneração, é preciso cuidar de colocar os empresários, colocar os trabalhadores e colocar o governo [pra discutir], porque é preciso saber se a desoneração vai beneficiar só o empresário ou se ela vai beneficiar os trabalhadores que trabalham naquela empresa, que têm o direito de ganhar alguma coisa pelo benefício que o governo deu para aquele setor da economia”, afirmou Lula.
Por fim, Lula comentou sobre uma desoneração que ocorreu durante o governo de Dilma Rousseff. Na época, R$ 540 bilhões foram desonerados. “Isso significa a gente não colocando os trabalhadores para negociar, só um lado ganha e nós queremos com os dois lados ganhando”, afirmou o presidente.