O estudante Matheus de Araújo, de 25 anos, foi aprovado no vestibular da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia), dando um importante passo para realizar o sonho de se tornar médico.
No entanto, o caminho de Matheus para conseguir a tão sonhada aprovação não foi nada fácil. Para se ter uma ideia, ele estudava em uma casa sem energia elétrica, emprestada por uma amiga em Feira de Santana (BA), mesmo município que ele reside.
Agora depois de aprovado no vestibular, os desafios são outros. Ele precisa arrecadar dinheiro para conseguir se manter fora de casa. Afinal, o campus fica em Santo Antônio de Jesus, a cerca de 2 horas da sua casa e sem opções de transporte público.
No entanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, as aulas de Matheus estão acontecendo de maneira remota.
Contudo, o jovem espera se mudar para próximo da universidade até o final de 2021. “É um sentimento de muita alegria. A ficha ainda nem caiu. A minha família está em festa” afirmou o estudante ao portal UOL.
Persistência e esforço garantiram a vaga
No último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Matheus conseguiu tirar 980 pontos na redação, fato que corroborou e muito para sua entrada na universidade federal.
Além disso, Matheus tentava ser aprovado em medicina desde 2015, quando desistiu do curso de enfermagem. Ele resolveu mudar de curso, justamente para dar assistência médica específica para o irmão que sofre devido algumas sequelas acometidas pela meningite.
Em 2020, a biblioteca municipal de Feira de Santana acabou sendo fechada por conta da covid-19 e por isso Matheus ficou sem um local apropriado para estudar.
A casa que ele reside, conta com o barulho dos irmãos, impossibilitando que ele seguisse uma rotina satisfatória de estudo. Desse modo, decidiu procurar um novo local de estudos e contou com ajuda de uma amiga, que emprestou uma residência sem energia elétrica para ele.
Em meio a tantas dificuldades, ele afirma que muitas vezes pensou em largar os estudos. “O que me fez não desistir foi o meu irmão. Ele e outras pessoas do meu bairro que possuem necessidades especiais eram a minha motivação” disse.
Por conta disso, o jovem pensa em se especializar em neurologia ou saúde da família, justamente para garantir assistência médica para quem não tem acesso.
Segundo o estudante: “Pode mudar, mas pretendo investir na saúde da família ou em neurologia. Eu vou poder ajudar bastantes pessoas e também o meu irmão”.
Além disso, para conseguir realizar a mudança para próximo da universidade, o jovem decidiu lançar uma campanha virtual para arrecadar fundos. O objetivo é conseguir cerca de 15 mil reais, valor que para ele se manter no primeiro ano.
“Eu vou conseguir uma bolsa no futuro”, diz confiante. “Mas até lá, preciso ter dinheiro para pagar aluguel, alimentação, entre outros gastos”, afirmou.
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