O sistema tributário é um dos pilares fundamentais de qualquer economia, pois determina como os recursos financeiros são distribuídos e utilizados pelo Estado.
No Brasil, uma discussão que tem ganhado destaque diz respeito à disparidade de tributação entre diferentes grupos sociais. Um recente estudo realizado pelo Sindifisco Nacional revelou uma discrepância alarmante: trabalhadores comuns estão pagando mais impostos do que milionários. Entenda as conclusões desse estudo e suas implicações para a justiça fiscal no país.
O levantamento inédito conduzido pelo Sindifisco Nacional oferece um panorama esclarecedor sobre a tributação no Brasil. Em suma, os dados retirados das declarações do Imposto de Renda Pessoa Física de 2022 revelaram que contribuintes com rendimentos acima de 160 salários mínimos (cerca de R$ 2,1 milhões ao ano) pagaram, em média, uma alíquota efetiva de Imposto de Renda de menos de 5,5% no ano-calendário 2021.
Surpreendentemente, essa taxa é significativamente menor do que a paga por profissionais como professores, enfermeiros, bancários e assistentes sociais. Enquanto os milionários contribuíram com menos de 5,5% de seus ganhos, esses profissionais declararam alíquotas efetivas de 8,1% a 8,8%, com rendimentos médios abaixo de R$ 94 mil ao ano.
Uma das principais causas dessa disparidade reside na origem dos ganhos de cada grupo. A parcela substancial da renda dos milionários provém dos lucros e dividendos de suas próprias empresas. Desde 1996, esses ganhos são isentos de impostos no Brasil, o que cria um cenário onde os mais ricos pagam uma alíquota efetiva menor do que os trabalhadores comuns.
Além disso, o Sindifisco aponta para uma tendência alarmante: nos anos de 2019 a 2021, a alíquota efetiva paga pelos contribuintes de maior renda diminuiu consecutivamente. Em suma, esse fenômeno se alinha com o aumento dos pagamentos de lucros e dividendos nesse período, indicando que, à medida que pagavam proporcionalmente menos Imposto de Renda, os milionários acumularam ainda mais riqueza.
O crescente influxo de lucros e dividendos trouxe à tona a expectativa de que esses ganhos voltem a ser tributados no Brasil. Especula-se que o governo, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possa incluir a retomada dessa tributação em uma reforma do Imposto de Renda prevista para o fim de 2023.
No entanto, a resistência no Congresso tem dificultado o avanço desse assunto. Os especialistas acreditam que essa questão já está na agenda política e econômica. Empresas estão retendo menos dividendos para evitar tributações futuras. Isso indica uma possível mudança iminente e a necessidade de revisão do sistema tributário para alcançar um maior equilíbrio.
O estudo também revelou um aumento na alíquota efetiva de imposto de renda para contribuintes de renda intermediária e baixa entre 2019 e 2021. Em suma, isso ocorre em parte devido à falta de atualização da tabela do Imposto de Renda pela inflação.
Embora os trabalhadores não estejam necessariamente ganhando mais, muitos estão sendo empurrados para faixas de contribuição mais altas e, consequentemente, estão pagando mais impostos. Para lidar com esse desequilíbrio, é sugerido que a tributação sobre lucros e dividendos seja reintroduzida.
O ministro da Fazenda, Haddad, planeja enviar uma reforma ao Congresso que inclua um aumento na faixa de renda isenta de imposto de renda. Desse modo, essa medida busca aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores comuns e promover uma distribuição mais justa dos impostos.
O sistema tributário desempenha um papel crucial na construção de uma sociedade equitativa. O estudo do Sindifisco Nacional expôs a desigualdade gritante na tributação entre milionários e trabalhadores comuns.