Economia

Intenção de Consumo fica estável em novembro, limitada por aceleração da inflação

As famílias do país continuam se mostrando dispostas a manterem seus hábitos de consumo em 2023, mas o ímpeto está bem mais moderado que antes, refletindo a situação atual da economia brasileira.

Em novembro deste ano, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) se manteve estável na comparação com setembro, mantendo o patamar de 104,9 pontos, após ajuste sazonal. A tendência de alta, observada nos últimos meses, não apareceu, mas o indicador também não encolheu no período.

Neste mês, o indicador seguiu acima da marca de 100 pontos, que separa o otimismo e o pessimismo. Em suma, taxas maiores que essa marca indicam que a intenção de consumo as famílias está positiva, na zona de otimismo. Por outro lado, dados inferiores a 100 pontos refletem pessimismo dos consumidores.

Cabe salientar que o ICF vem se mantendo acima de 100 pontos nos últimos meses, algo que não era visto há vários anos. A saber, antes de 2023, o indicador havia chegado à zona de otimismo apenas em 2015, e isso voltou a aconteceu em agosto, após um intervalo de mais de oito anos, e vem se mantendo positivo desde então.

Todos esses dados fazem parte do levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em agosto, os consumidores se mostraram ainda mais otimistas com a recuperação econômica do Brasil neste ano, e isso se refletiu na variação do ICF.

Intenção de consumo fica estável em novembro, mas segue acima de 100 pontos. Imagem: Pixabay.

Aceleração da inflação enfraquece consumo

Segundo o levantamento, a melhora dos dados relacionados à inflação ajudou a impulsionar a intenção de consumo dos brasileiros nos últimos meses. Entretanto, a taxa inflacionária voltou a acelerar no país, mesmo que de maneira tímida, e isso passou a limitar a alta do ICF.

Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24% em relação a setembro. A variação foi tímida, mas os consumidores estão de olho na aceleração do indicador, já que a taxa de junho ficou negativa em 0,08%, mas voltou a subir nos meses seguintes.

A aceleração da inflação no segundo semestre reduz o poder de compra das famílias, tendo impacto na sua percepção de renda e levando a uma maior cautela em relação às suas próximas decisões de consumo. Além disso, as famílias se mantiveram desconfiadas em relação à continuação do avanço no mercado de trabalho, uma vez que o nível de emprego está avançando, mas com remunerações menores“, explicou a CNC.

Vale destacar que o IPCA é a inflação oficial do Brasil, ou seja, é o termo que se refere ao aumento generalizado dos preços de produtos e serviços.

Veja detalhes do desempenho do ICF em novembro

O indicador de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) possui sete componentes. Em novembro, cinco deles registraram taxas positivas, impulsionando o resultado mensal do indicador. Confira abaixo os crescimentos percentuais mensais:

  • Acesso ao crédito: 0,4%;
  • Nível de consumo atual: 0,3%;
  • Renda atual: 0,3%;
  • Emprego atual: 0,1%;
  • Momento para duráveis: 0,1%;
  • Perspectiva profissional: -0,5%;
  • Perspectiva de consumo: -0,9%.

A CNC explicou que o crescimento do acesso ao crédito aconteceu por causa da queda da taxa de juros nos últimos meses no Brasil. Em suma, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu três vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia entre agosto e novembro, de 13,75% para 12,25% ao ano.

Entretanto, mesmo com o avanço do componente em novembro, o acesso ao crédito segue abaixo de 100 pontos, ainda refletindo pessimismo dos consumidores. A propósito, o indicador ficou em 95,1 pontos neste mês.

Enquanto a queda dos juros trouxe um impulso positivo, a preocupação com a inadimplência e a redução do crédito no mercado impactaram negativamente. Em meio a essa dicotomia, a pesquisa constata que mais de um terço dos consumidores relatam dificuldade para obter crédito, o que demonstra uma delicada balança entre oportunidade e restrição neste contexto econômico“, explicou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Cabe salientar que, entre os sete componentes, quatro deles apresentaram taxas superiores a 100 pontos:

  • Emprego atual: 127,1 pontos;
  • Renda atual: 122,0 pontos;
  • Perspectiva profissional: 118,6 pontos;
  • Perspectiva de consumo: 110,0 pontos.

Por outro lado, as demais taxas permaneceram na zona de pessimismo, apesar do avanço registrado por elas em novembro. Enquanto os componentes de acesso ao crédito (95,1 pontos) e nível de consumo atual (91,1 pontos) tiveram taxas próximas de 100 pontos, a situação mais crítica continua com o componente momento para duráveis (70,2 pontos).