Os peritos médicos encerraram a greve da categoria e decidiram voltar ao trabalho nesta segunda-feira (23). Inicialmente, os profissionais provavelmente encontraram muito trabalho neste retorno. Dados do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) mostram que a fila de espera para uma consulta médica cresceu nos últimos dias.
Dessa forma, durante os 52 dias de greve dos peritos médicos, estima-se que o tempo de espera para a realização de uma perícia subiu. Segundo apontam dados do IBDP, hoje um cidadão precisa esperar de 90 a 120 dias para conseguir a consulta. Neste meio tempo, a fila de espera para o atendimento teve um aumento de mais de 200 mil pessoas.
Os números anteriores à greve já não eram satisfatórios na visão do IBDP. Dados oficiais revelam que antes mesmo da paralisação, pouco mais de 800 mil pessoas já estavam esperando pela perícia médica. Depois do movimento, a situação piorou e mesmo com o retorno não há previsão de normalidade.
“Espero que com o fim da greve tenhamos uma força-tarefa para que o que ficou represado possa ser concluído o mais rápido possível. Estamos falando de pessoas que precisam de perícia porque estão doentes, ou têm algum tipo de deficiência, ou estão em situação de pobreza”, disse Adriane Bramante, diretora do IBDP.
“É preciso colocar urgência nessas medidas, com perícias extraordinárias, agendamentos aos sábados e em horários que não costuma ter atendimentos”, disse a diretora em entrevista para a emissora CNN Brasil. Na ocasião, ela cobrou por um aumento no número de peritos médicos no país.
Nesse sentido, a questão da quantidade de profissionais do INSS aptos ao atendimento da perícia médica preocupa a autarquia já há alguns anos. Parte dos atuais servidores públicos pedem para que o Governo Federal divulgue novos concursos públicos.
“Com o número de peritos que temos hoje, certamente vai demorar uns três a quatro meses para que as perícias tenham um tempo de espera menor. Normalmente, o tempo de espera é de cerca de 65 a 69 dias. Com a demanda represada, deve estar em torno de 90 a 120 dias, mas isso depende muito de onde o segurado mora”, disse a diretora do IBDP.
“Temos um Brasil continental, agências do INSS que não têm peritos e várias realidades distintas. Dessa forma, dependendo de onde o segurado esteja, pode ter uma perícia que demore 30 dias, outros 60 dias e outros até quatro meses”, completou ela.
Por meio de nota, o INSS afirma que está ciente do problema e que trabalha para tentar resolver a situação o quanto antes. A autarquia explica que deve lançar um novo normativo que “deverá ser publicado em breve”.
“Esclarecemos que, neste momento, serão realizadas as perícias que já estavam agendadas, seguindo os procedimentos ordinários. As medidas para redução do estoque e das perícias impactadas pela greve serão objeto de normativo a ser publicado em breve“, informou o Ministério.
O INSS afirmou que os cidadãos que não conseguiram atendimento por causa da greve devem reagendar os atendimentos. O procedimento pode ser realizado através do sistema do site ou app do Meu INSS. Portanto, não é necessário sair de casa.