Os brasileiros enfrentaram mais um mês de alta dos preços de bens e serviços no país. A famosa e temida inflação atingiu a população de maneira disseminada no mês passado. E, mais uma vez, corroeu principalmente a renda dos mais pobres.
Em janeiro deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) subiu 0,46%. Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Vale destacar que o INPC é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Isso quer dizer que o governo federal promove reajustes do salário mínimo conforme a variação que o INPC apresentar. Aliás, os reajustes devem ser, no mínimo, iguais à variação acumulada pelo indicador no ano anterior.
Assim, as famílias continuam a ter as mesmas condições de renda para continuarem comprando os mesmos itens ano após ano, pelo menos teoricamente. No entanto, o governo federal pode promover reajustes que resultem em ganhos reais para os trabalhadores, acima da inflação registrada pelo INPC.
Embora a taxa do indicador tenha variado de maneira positiva no mês passado, ela ficou abaixo da taxa registrada em dezembro de 2022 (0,69%). Essa desaceleração foi puxada por dez dos 16 locais pesquisados, cujas taxas também desaceleraram no mês passado.
Com o acréscimo do resultado de janeiro, o INPC passou a acumular uma alta de 5,71% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Em janeiro, o INPC apresentou variação positiva em 14 dos 16 locais pesquisados. Em outras palavras, os consumidores destes locais sofreram com o aumento no preço dos produtos e serviços.
Esse avanço disseminado mostra que os brasileiros tiveram que gastar mais no mês passado para adquirir itens ou contratar serviços, em comparação a dezembro. No entanto, vale destacar a desaceleração das taxas, registrada em 10 dos 16 locais pesquisados.
Confira abaixo as taxas inflacionárias registradas nos locais pesquisados em janeiro:
Como observado acima, a inflação medida pelo INPC caiu apenas em São Luís e Recife, mas os recuos foram bem leves. Por outro lado, os preços subiram nas demais regiões, impulsionando o indicador.
No acumulado dos últimos 12 meses até janeiro, as maiores taxas vieram de: Salvador (7,06%), São Paulo (6,86%), Rio de Janeiro (6,24%), São Luís (6,18%), Fortaleza (6,09%), Aracaju (6,04%) e Recife (5,82%).
Apesar de a inflação registrada em nove locais ficar abaixo da média nacional (5,71%), esse percentual acabou impulsionado pelas regiões citadas acima. Isso porque estes sete locais respondem por 57,4% da inflação medida pelo INPC no país. Por isso que a taxa ficou bem elevada em janeiro.
De acordo com o IBGE, existe uma diferença sutil entre os dados do INPC e do IPCA e apenas se refere ao uso do termo “amplo”. De um lado, “o IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos”, segundo o IBGE.
Por sua vez, “O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.”, informa o IBGE.
Em janeiro, a taxa do INPC ficou mais elevada em Salvador devido às altas registradas na energia elétrica (7,99%) e na gasolina (6,34%). Aliás, estes dois itens exercem um forte impacto negativo no IPCA em 2022, com a gasolina caindo 25,78% e a energia elétrica despencando 19,01%.
Caso o IBGE não considerasse esses itens, a inflação no Brasil teria subido 9,56% no ano passado, em vez de 5,79%, como realmente aconteceu. Isso mostra o quanto estes itens influenciam tanto o IPCA quanto o INPC, e foi justamente isso o que aconteceu em Salvador no mês passado.
Por outro lado, Recife teve a menor taxa entre os locais pesquisados devido ao recuo nos preços da gasolina (-3,69%) e dos perfumes (-5,33%).
Por fim, o IBGE revelou que os preços dos produtos alimentícios subiram 0,52% em janeiro, taxa inferior a de dezembro (0,74%). Já os produtos não alimentícios tiveram uma variação de 0,44%. ante alta de 0,67% no mês anterior. Ambos os resultados, abaixo das taxas de dezembro, ajudaram a desacelerar a inflação medida pelo INPC em janeiro.