Quem costuma ir ao supermercado sabe que a situação não está fácil. A mesma cédula de R$ 100 que servia para comprar vários itens, agora parece que está valendo menos. A má notícia é que isso não é só uma impressão. O poder de compra do trabalhador brasileiro realmente diminuiu, e isso tem tudo a ver com a inflação.
De acordo com um estudo da consultoria Tendências, divulgado ainda nesta semana, esse aumento da inflação já “comeu” cerca de R$ 11,1 bilhões da renda do trabalhador brasileiro. Esse é o dinheiro que poderia estar nas mãos dos trabalhadores este ano caso tudo não estivesse em um nível elevado de preços.
E aqui nem se leva em consideração apenas os produtos de uma cesta básica. De acordo com as informações oficiais, também há um aumento nos preços da gasolina, do gás de cozinha e até mesmo da conta de energia. Esse último, no entanto, estaria acontecendo muito mais por uma questão da falta de chuvas.
De qualquer forma, ele acaba entrando na conta também já que tudo isso vai ser pago pelo bolso do trabalhador. Em entrevista, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, garantiu que o aumento nesses preços é algo passageiro. Seria uma promessa esperançosa, se não fosse pela data. Ele disse isso em novembro do ano passado.
Há uma preocupação porque se sabe que o Governo Federal deve ir para o terceiro ano sem um aumento real do salário mínimo. Na prática, isso pode significar que as pessoas poderão ter uma perda no poder de compra. E neste momento, isso poderia ser fatal para muita gente neste momento.
Para quem recebe pouco
A situação, aliás, é naturalmente pior para a massa da população que está tendo que viver apenas com o dinheiro de auxílios. Seja no caso dos programas federais, estaduais ou municipais, nenhum deles está dando o suficiente para se viver no Brasil neste momento.
Para se ter uma ideia do tamanho da diferença, o Auxílio Emergencial do Governo Federal está pagando valores que variam entre R$ 150 e R$ 375. Aliás, o valor médio de uma cesta básica para quatro pessoas em São Paulo está passando dos R$ 600.
No início dos pagamentos do Auxílio Emergencial no ano passado, os montantes eram mais do que suficientes para comprar a cesta básica. Hoje, portanto, ele não compra nem metade deste item em nenhuma das capitais que apresentam dados de valores.
Governo x Inflação
O Ministério da Economia vem defendendo, portanto, que controlar a inflação passa diretamente pelo controle de gastos públicos. Por isso, eles afirmam que são contrários a uma nova prorrogação do Auxílio Emergencial neste momento.
Vale lembrar que esse programa está próximo de chegar ao fim. O último pagamento tem data marcada para o final deste mês de outubro. O Ministério da Cidadania, que é responsável pelo projeto, quer uma nova prorrogação.
A resistência vem do Ministério da Economia. A equipe comandada por Paulo Guedes acredita que essa nova prorrogação pode exigir a liberação de novos créditos extras, e isso poderia ser ruim para a inflação. Agora é esperar para ver o que vai acontecer.