A elevada inflação ao consumidor continua se revelando persistente, de acordo com o Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central (BCB). O IPCA variou 2,38% no trimestre encerrado em agosto.
Conforme informações do BCB, trata-se do quarto trimestre consecutivo em que a inflação registrou patamar superior ao compatível com o limite superior do intervalo da meta e superou as expectativas que se tinha no início de cada trimestre.
De acordo com as informações oficiais, com as sucessivas surpresas, a inflação acumulada em doze meses subiu de 8,06% em maio para 9,68% em agosto. Assim, superando amplamente a meta de inflação de 3,75% para o ano calendário de 2021.
O patamar elevado da inflação revela?se disseminado. Dessa forma, as altas de preços apresentam maior intensidade em componentes voláteis pouco associados à inflação subjacente, mas mesmo os núcleos de inflação registram patamar elevado.
Conforme aponta o relatório, na métrica dessazonalizada e anualizada, a média dos núcleos alcançou 8,13% no trimestre encerrado em agosto, comparativamente a variação de 11,31% registrada pelo IPCA nessa métrica. Mas também em patamar incompatível com o cumprimento da meta.
Conforme informa o BCB, a principal contribuição para o patamar elevado da inflação no trimestre veio dos preços administrados (3,47%). As tarifas de energia elétrica subiram 11,19%, refletindo sobretudo o acionamento de bandeiras tarifárias de valor mais elevado para fazer frente ao aumento de custos de geração que decorrem da crise hídrica.
Os preços dos derivados de petróleo também apresentaram alta relevante, com repasse da elevação dos preços internacionais e impactados pela alta expressiva do etanol. Em sentido contrário, contribuiu o reajuste máximo de ?8,19% determinado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos de saúde individuais. Dessa forma, com impacto diluído no IPCA até abril do próximo ano, informa o Banco Central do Brasil.
De acordo com o relatório do BCB, na mesma direção, o Salariômetro, indicador calculado pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) a partir de dados e informações de acordos e convenções coletivas. Assim, mostra que os reajustes nominais dos salários subiram junto com a inflação, ainda que na maioria dos casos se observe alguma perda real.
Além disso, 0 BC informa que em maio vigorou a bandeira vermelha 1, com valor de R$4,169 por 100 kWh. Em junho foi acionada a bandeira vermelha 2, com valor de R$6,243 por 100 kWh. Em julho o valor da bandeira vermelha 2 foi alterado para R$9,490 por 100 kWh, mantido em agosto.
Devido ao agravamento da crise hídrica e ao aumento dos custos de geração, a Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) determinou, no final de agosto, a criação de um novo patamar. Sendo a chamada “Bandeira Escassez Hídrica”, com valor de R$14,20 por 100 kWh, a vigorar entre setembro de 2021 e abril de 2022. A transição para esse novo patamar implicará mais pressão sobre a inflação na próxima leitura, aponta o BCB.