Os brasileiros que pagam aluguel estavam recebendo grandes notícias nos últimos meses. Isso porque o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), popularmente conhecido como inflação do aluguel, vinha apresentando apenas quedas.
Contudo, em setembro, o IGP-M voltou a subir no Brasil. Em resumo, o indicador teve alta de 0,37% neste mês, após cair 0,14% no mês anterior. Essa é a primeira alta após cinco meses de queda, visto que o índice só estava registrando quedas, para alívio dos consumidores do país.
Esse cenário não é exclusivo para 2023. Os últimos meses de 2022 já mostravam desaceleração do IGP-M, com a inflação do aluguel apresentando variações bem modestas. No início deste ano, os preços do setor continuaram desacelerando, até que começaram a cair em abril, algo que se repetiu até agosto.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta semana.
Em síntese, o IGP-M funciona como um indexador de contratos, incluindo os de locação de imóveis. No entanto, o índice não fica limitado a aluguéis, pois também é utilizado para reajustes de contratos de tarifas públicas e seguros, por exemplo.
Além disso, o indicador também influencia mensalidades de escolas e universidades, tarifa de energia elétrica e planos de saúde. Em outras palavras, o IGP-M é muito importante para diversos segmentos da sociedade, influenciando-os de maneira direta.
Com o acréscimo do resultado de setembro, o índice passou a acumular uma queda de 4,93% em 2023 e de 5,97% nos últimos 12 meses. Isso quer dizer que os preços de locação de imóveis estão mais baratos neste ano, na comparação com 2022.
Aliás, o IGP-M acumulava uma forte alta de 8,25% nos últimos 12 meses até setembro de 2022, resultado bem diferente do atual. Logo, a população que vive de aluguel está se beneficiando em 2023 com preços mais acessíveis do que no ano passado.
Em suma, a variação do IGP-M se dá por três indicadores:
Em setembro, todos os três indicadores ficaram positivos, na comparação com agosto. Esse resultado impulsionou o IGP-M, que saiu do campo negativo após cinco meses.
Em resumo, o IPA exerce o maior impacto no IGP-M, respondendo por cerca de 70% do índice. Por isso, o indicador considerado a inflação do aluguel tende a apresentar variações semelhantes a do IPA.
Em setembro, o indicador subiu 0,41%, ante recuo de 0,17% em agosto. O Coordenador dos Índices de Preços do FGV IBRE, André Braz, explicou que o aumento dos preços dos combustíveis em meados de agosto impactaram fortemente os preços ao produtor e ao consumidor do país.
Por falar nisso, a Petrobras elevou em 16,3% o valor da gasolina comercializada para as distribuidoras do país no dia 16 de agosto. Isso fez o valor do litro do combustível subir de R$ 2,52 para R$ 2,93, uma alta de 41 centavos, que pressionou o orçamento dos motoristas do país.
No mesmo dia, a Petrobras também elevou em 25,8% o preço do litro do diesel A comercializado às distribuidoras do país. Com isso, o litro do diesel passou a ser vendido por R$ 3,80. Anteriormente, o preço do combustível era de R$ 3,02, ou seja, houve uma elevação de 78 centavos por litro.
De acordo com André Braz, caso os preços da gasolina e do diesel não tivessem subido em agosto, tanto o IPA quanto o IPC teriam apresentado taxas negativas de inflação. Isso mostra que os combustíveis exerceram os maiores impactos nos preços em setembro.
Da mesma forma que o IPA, o IPC também saiu do campo negativo e voltou a subir. Em setembro, a taxa do indicador variou 0,27%, após cair 0,19% no mês anterior. Seis das oito classes de despesas pesquisadas pelo FGV IBRE também tiveram resultados positivos no mês, impulsionando o IPC.
Em resumo, a maior contribuição veio do grupo transportes, cuja variação dos preços passou de 0,14% para 1,75%. O grande destaque no grupo foi o item gasolina, com os preços subindo 5,01%, após uma alta bem mais leve em agosto, de 0,64%.
Os outros grupos que também registraram aceleração em suas taxas foram educação, recreação e leitura (-1,19% para -0,10%), habitação (0,10% para 0,41%), alimentação (-0,93% para -0,60%), vestuário (-0,31% para -0,08%) e comunicação (0,03% para 0,07%)
Assim, os preços desaceleraram apenas nos grupos saúde e cuidados pessoais (0,55% para -0,11%) e despesas diversas (0,00% para -0,04%). Inclusive, ao analisar a taxa de setembro, cinco dos oito grupos pesquisados ficaram no campo negativo. Isso mostra que os transportes exerceram um impacto mais intenso, impulsionando a inflação ao consumidor neste mês.
Por fim, o terceiro indicador que compõe o IGP-M ficou estável em setembro, ajudando a impulsionar o IGP-M. Contudo, este é o componente que exerce a menor influência na inflação do aluguel.
A saber, o INCC variou 0,24% em setembro, mesma taxa observada em agosto. Em suma, o resultado do indicador foi enfraquecido pela variação de dois dos três grupos componentes do INCC. As oscilações foram as seguintes: materiais e equipamentos (-0,11% para 0,04%), serviços (0,22% para 0,38%) e mão de obra (0,71% para 0,48%).