A inflação da indústria brasileira subiu 1,11% em setembro deste ano, na comparação com o mês anterior. Esse foi o segundo avanço consecutivo do indicador, que vinha registrando quedas desde fevereiro.
Apesar da alta mensal, a variação acumulada em 2023 continua negativa, em -5,43%. Significa que os preços estão menores do que no mesmo período de 2022. Aliás, a inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou ainda mais negativa (-7,92%), para alegria da população, já que as variações tendem a alcançar o consumidor final.
O avanço em setembro foi apenas o terceiro em 2023, além de ter sido o mais intenso do ano. Em todos os outros meses, os preços da indústria só fizeram cair no país. Confira as variações da inflação entre janeiro e setembro deste ano:
Nos últimos meses do ano passado, a inflação da indústria também recuou, resultados que fizeram a taxa anual desacelerar e subir apenas 3,13% em 2022. Já neste ano, o resultado deverá ser bem diferente, mantendo-se no campo negativo. Em suma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses até agosto está em -10,51%.
Estes dados se referem ao Índice de Preços ao Produtor (IPP), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado nesta quinta-feira (26).
A saber, o IPP é considerado a inflação da indústria e seus resultados tendem a indicar a trajetória que a inflação ao consumidor seguirá. Assim, quanto menor a variação do índice, melhor para os consumidores.
De acordo com o IBGE, o IPP “tem como principal objetivo mensurar a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, bem como sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país“.
“Constitui, assim, um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e, por conseguinte, um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados“, informa o instituto.
O IPP analisa o progresso dos preços dos produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, medindo a evolução de 24 atividades das indústrias extrativas e de transformação.
A inflação da indústria em agosto ficou positiva pelo segundo mês consecutivo, mas isso não aconteceu de maneira disseminada entre os setores industriais. Em resumo, os preços de 13 das 24 atividades industriais subiram no mês, resultado que impulsionou a inflação do setor industrial, apesar de não ter sido tão disseminado assim.
Veja abaixo as atividades com as maiores variações positivas em setembro:
“Assim como ocorreu no mês passado, em setembro observamos um aumento nos preços de refino, que é o segundo setor de maior peso na indústria brasileira. Ele só fica atrás de alimentos, cuja variação recente não a coloca entre as quatro mais expressivas“, explicou Alexandre Brandão, analista do IPP.
O setor de refino de petróleo e biocombustíveis exerceu o maior impacto no índice do mês, de 0,85 ponto percentual (p.p.). Inclusive, essa foi a variação mais intensa na comparação mensal, bem como a terceira maior no acumulado no ano e a segunda mais alta no acumulado em 12 meses. Em outras palavras, os preços subiram significativamente no setor em setembro.
“O comportamento dos preços do refino está diretamente ligado à alta de preços do óleo bruto de petróleo, que vem aumentando no mundo todo por causa da recente diminuição da produção”, informou Alexandre Brandão.
Por sua vez, as indústrias extrativas influenciaram o IPP em 0,19 p.p., enquanto os produtos químicos, cujos preços subiram 1,56% em setembro, exerceram o terceiro maior impacto na inflação, de 0,12 p.p.
Entre as atividades que apresentaram queda em seus preços em setembro, o recuo mais intenso foi registrado pela atividade de bebidas (-5,09%). Em síntese, essa foi a variação negativa mais intensa da atividade desde o início da série histórica, em 2014 e ajudou a limitar um pouco da alta da inflação no mês, impactando o IPP em -0,13 ponto percentual.
Segundo o IBGE, os três produtos de maior peso na atividade registraram queda nos preços. Isso mostra que houve uma queda generalizada no setor, para alívio dos consumidores. A propósito, os principais produtos da atividade são: cervejas e chope (55,35%), refrigerantes (29,87%) e xaropes para bebidas com fins industriais (11,74%).
“Além de um reposicionamento de preços, os custos no setor estão caindo. Logo, há margem para queda de preços“, explicou Brandão.