Pesquisas apontam que nos últimos quinze anos a indústria brasileira caiu de 9ª para 14ª posição no ranking mundial. Ademais, de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), nesse mesmo período a participação do país na manufatura global caiu de 2,2% para 1,3%.
“Em poucos meses, a pandemia criou um pandemônio em toda a cadeia global de produção, logística e comércio”, afirmou Glauco Arbix, coordenador da área de humanidades do Centro de Inteligência Artificial da USP. “As grandes economias perceberam a importância de ter fábricas perto do consumidor, para depender menos da logística globalizada”, complementou.
O Iedi estuda e formula recomendações de aperfeiçoamento e reformas em diversas áreas da indústria, como estrutura tributária, financiamento do desenvolvimento econômico, políticas de desenvolvimento regional e apoio a micro e pequenas empresas.
O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial foi criado no ano de 1989 e conta atualmente com 50 empresários que representam grandes empresas nacionais. De acordo com informações disponibilizadas pelo instituto, um dos seus focos de trabalho é ressaltar a responsabilidade do setor privado, bem como o desenvolvimento industrial no país em parceria com o Estado.
“A pandemia só reforçou um movimento dos últimos dez anos, de recalibragem do processo tecnológico, que é a essência da indústria 4.0, com a modernização de todas as atividades econômicas”, afirmou Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
Com essas mudanças, corre o risco da manufatura brasileira passar de pequena para irrelevante. Esse é um problema bastante grave, visto que apenas com a saída das fábricas da Ford houve uma perda de mais de 5 mil postos de trabalho. “Não menos honrosos, os empregos de baixa qualificação têm salários condizentes com o que produzem”, diz Arbix. “Essa situação condena o Brasil a ser um País de renda média – e à profunda desigualdade.” complementou.
Apesar da pandemia de Covid-19 ter afetado todos os países ao redor do globo, a queda da indústria brasileira no ranking mundial é algo que deve ser olhado com cuidado pelo governo. Apesar disso, a falta de estrutura e programas voltados à indústria no Brasil são pouco abordados.
Arbix ainda afirma que programas do governo envolvendo marketing poderiam auxiliar o setor. Contudo, não existe uma estratégia clara para a integração internacional e governo que deveria se preocupar com a indústria brasileira tem se preocupado mais com o período de reeleição.
“Mas com o governo em situação de paralisia e preocupado com a reeleição, o aparato público é desmobilizado e o setor empresarial, que cresceu sob as asas do Estado, mas tem muitos obstáculos, sofre”, disse Arbix.
A situação da indústria no país é alarmante, pois influencia diretamente no cenário de desemprego que tem crescido a cada dia. Ao deixar de lado o setor industrial, milhares de postos de trabalho tendem a desaparecer.