O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 4,2 pontos em junho deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 107,6 pontos, menor nível desde novembro de 2019 (105,1 pontos).
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra bastante confiável com a economia brasileira.
A propósito, os 100 pontos são uma faixa de neutralidade do indicador. Assim, a faixa de 107,6 pontos em que o IIE-Br se encontra indica um grau superficial de incerteza no país. Contudo, o valor foi bastante positivo, uma vez que essa é a primeira vez em três anos e meio que a taxa cai para abaixo de 110 pontos.
Vale destacar que o grau de incerteza vinha se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos últimos meses. Embora o indicador tenha avançado em boa parte dos últimos meses, as altas não foram muito expressivas e não elevaram o grau de incerteza de maneira significativa.
A queda do nível de incerteza econômica em junho foi a terceira consecutiva, indicando que as expectativas para o desempenho da economia brasileira estão mais otimistas.
“O recuo do IIE-Br de junho deveu-se, pela terceira vez seguida, ao componente de Mídia“, explicou Anna Carolina, economista do FGV IBRE.
A propósito, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em junho, os componentes seguiram trajetórias diferentes, mas um deles teve uma variação mais significativa e exerceu uma influência maior.
De um lado, o componente de Mídia caiu 5,6 pontos no mês, para 104,5 pontos, menor nível desde novembro de 2019 (103,6 pontos). Com isso, contribuiu com uma queda de 4,9 pontos para o indicador de incerteza no mês.
Em contrapartida, o componente de Expectativas teve alta de 2,8 pontos, para 116,8 pontos, elevando o IIE-Br em 0,7 ponto. Entretanto, o componente de expectativas exerce menos impacto que o de mídia. Por isso, a queda da incerteza em junho foi significativa, mesmo com o recuo do componente de expectativas, que mede a dispersão de especialistas para variáveis macroeconômicas.
O cenário atual é completamente diferente do que aconteceu nos últimos anos. Isso porque a incerteza econômica no Brasil disparou em 2020 devido à pandemia da covid-19, com o IIE-Br chegando a subir 52 pontos em março de 2020, para 167,1 pontos.
A saber, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia decretado a pandemia naquele mês. Por isso que houve outra disparada da incerteza em abril, quando o indicador subiu mais 43,4 pontos, alcançando 210,5 pontos, maior nível da série histórica.
A título de comparação, antes da pandemia, o recorde do indicador havia sido alcançado em setembro de 2015, quando o IIE-Br chegou a 136,8 pontos. Em outras palavras, o novo recorde, registrado em 2020, ficou 53,9% superior ao maior patamar observado antes da crise sanitária.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, houve três principais fatores que contribuíram para a redução da incerteza na mídia:
Em síntese, o aumento dos gastos públicos acaba impulsionando a inflação no país. Como a taxa inflacionária disparou em 2021, o Banco Central (BC) passou a elevar consecutivamente a taxa de juro da economia brasileira.
Em 2022, a inflação perdeu força, mas se manteve elevada, superando a meta central definida para o ano. Aliás, o BC continuou elevando os juros no país, com a taxa Selic chegando a 13,75% ao ano, maior patamar em seis anos e meio.
Como a inflação vem desacelerando no país, as expectativas em torno de uma redução dos juros estão ganhando força. Tudo isso ajuda a economia do país, que pode se fortalecer nos últimos meses deste ano. Por isso que a incerteza econômica vem caindo, segundo o IIE-Br.
“As altas do componente de Expectativa por sua vez têm sido curiosamente motivadas também por um aspecto favorável. É que a melhora do quadro inflacionário vem aumentando a dispersão das projeções de IPCA e juros para os próximos 12 meses“, explicou a economias.
“Por consistir em uma novidade na medição, será preciso aguardar os próximos meses para saber se o indicador continuará girando em patamares confortáveis e sinalizando uma diminuição consistente da incerteza econômica“, acrescentou.