O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 1,7 ponto em setembro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 106,8 pontos, permanecendo em faixa favorável pelo quarto mês consecutivo.
A saber, o IIE-Br atingiu em julho o menor nível em quase seis anos (103,5 pontos). Contudo, voltou a subir em agosto e se distanciou dessa marca. Agora, em setembro, o indicador recuou novamente e se mantém em faixa favorável, mas o patamar ainda reflete incerteza.
Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, enquanto valores abaixo dessa marca refletem o contrário, ou seja, o país se mostra confiável com a economia brasileira.
Na verdade, a faixa de 100 pontos reflete neutralidade do indicador. Assim, a marca atingida em setembro, de 106,8 pontos, ainda indica um grau superficial de incerteza no país. Contudo, o valor é bastante positivo, pois essa é a primeira vez que a taxa fica abaixo de 110 pontos por quatro meses seguidos desde fevereiro de 2018.
Vale destacar que o grau de incerteza vinha se mantendo em um patamar relativamente estabilizado nos primeiros meses de 2023. Embora o indicador tenha avançado no início do ano, as altas não foram muito expressivas e não elevaram o grau de incerteza de maneira significativa.
Já nos últimos meses, as quedas prevaleceram, e não foram apenas superficiais. Por isso que o IIE-Br caiu para o um nível baixo, algo que não era visto há anos, e a expectativa é que o indicador cai ainda mais nos próximos meses.
A queda do nível de incerteza econômica em setembro foi a quinta nos últimos seis meses. A única alta registrada no período ocorreu em agosto. No mês de setembro, o componente de expectativas exerceu o maior impacto no IIE-Br, puxando o para baixo e refletindo o otimismo com o futuro da economia brasileira.
“Após interromper, em agosto, a sequência de quedas iniciada em abril, a incerteza econômica volta a cair em setembro, motivada por um recuo discreto no componente de Mídia, e de maior magnitude no componente de Expectativas“, afirmou Anna Carolina, economista do FGV IBRE.
A propósito, o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em setembro, os componentes seguiram a mesma trajetória, exercendo impactos que puxaram derrubaram o indicador.
Em síntese, o componente de Mídia caiu 0,8 pontos no mês, para 107,7 pontos. Com isso, contribuiu com uma queda de 0,7 ponto para o indicador de incerteza no mês.
No entanto, o destaque ficou com o componente de Expectativas, que caiu 4,5 pontos no mês, para 100,7 pontos, reduzindo o IIE-Br em 1,0 ponto. Como o componente de expectativas exerce menos impacto que o de mídia, sua influência no indicador de incerteza econômica foi levemente maior, apesar de sua variação ter sido bem mais intensa que o do componente mídia.
Cabe salientar que a queda das expectativas fez o componente cair para o menor nível desde janeiro de 2022 (99,6 pontos) e o aproximou ainda mais da faixa de 100 pontos.
O cenário atual é completamente diferente do observado nos últimos anos. Em suma, a incerteza econômica no Brasil disparou em 2020 devido à pandemia da covid-19.
Em março daquele ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia, e isso fez o IIE-Br subir impressionantes 52 pontos, para 167,1 pontos. No mês seguinte, houve outra disparada da incerteza, e o indicador subiu mais 43,4 pontos, alcançando 210,5 pontos em abril, maior nível da série histórica.
A título de comparação, antes da pandemia, o recorde do indicador havia sido alcançado em setembro de 2015, quando o IIE-Br chegou a 136,8 pontos. Em outras palavras, o novo recorde, registrado em abril de 2020, ficou 53,9% superior ao maior patamar observado antes da crise sanitária.
A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.
De acordo com Anna Carolina Gouveia, a desaceleração da inflação e a redução dos juros foram os principais fatores para a redução da incerteza econômica do país em agosto.
“No geral, a manutenção da política de afrouxamento monetário e controle da inflação têm influenciado na queda do IIE-Br e pode continuar contribuindo nos próximos meses“, explicou a economista.
No entanto, ela ponderou que o cenário internacional poderá prejudicar a queda da incerteza econômica do país. Além disso, ainda há o risco fiscal, com o rombo nas contas públicas e a dificuldade que o Brasil vem apresentando para reduzir esse déficit.
“Apesar disso, a dinâmica insatisfatória do cenário internacional e as incertezas fiscais, levantadas recentemente, podem ocasionar alguma volatilidade futura no indicador, dificultando uma queda adicional da incerteza nos próximos meses“, ponderou Anna Carolina.