A maioria dos investidores que alocaram seu dinheiro na Bolsa de Valores Brasileira em novembro teve muito o que comemorar. Isso porque o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa, encerrou o mês com ganhos impressionantes de 12,54%, refletindo o resultado positivo registrado pela maioria dos papeis listados no indicador.
Em resumo, 79 das 86 ações que compõem a carteira do indicador fecharam o mês no azul, ou seja, 91,86% do total. Isso mostra que a maioria absoluta dos investidores teve ganhos em novembro. Aliás, o resultado foi bem diferente do observado em outubro, quando 63 papeis fecharam no vermelho.
No início deste mês, a expectativa do mercado era que o Ibovespa tivesse ganhos em novembro, mas nada indicava que o avanço poderia ser tão expressivo como foi. Ainda mais porque a guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas continuou acontecendo neste mês.
Entretanto, a redução dos juros no país e a desaceleração da inflação conseguiram beneficiar a maioria das empresas. Além disso, há uma máxima no mercado acionário que diz “compre no Natal, venda no Carnaval”, e parece muitos investidores anteciparam essas compras.
O resultado de novembro aconteceu, principalmente, por causa dos investidores estrangeiros, que viram no Brasil uma grande oportunidade de aumentar seus ganhos. A inflação em queda nos Estados Unidos e a expectativa em relação à queda dos juros fortaleceram as bolsas de valores ao redor do mundo, incluindo a brasileira.
Em meados de novembro, o mercado repercutiu a informação de que o governo federal desistiu de alterar a meta fiscal para 2024. Em resumo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vinha defendendo o déficit zero das contas públicas no ano que vem, mas esse informação perdeu força no final de outubro.
A saber, o presidente Lula afirmou que “dificilmente” o Brasil conseguirá zerar o déficit em suas contas em 2024. A declaração preocupou o mercado, principalmente por causa da pouca importância que o presidente pareceu dar ao tema. Isso sem contar que o ministro Haddad não afirmou nem negou se a meta de zerar o déficit das contas havia mudado.
Esse cenário preocupou os investidores em outubro, pois as antigas declarações de Haddad sobre a busca por zerar o déficit pareciam reconfortar o mercado. Contudo, as falas do final de outubro preocuparam o mercado, mas isso foi superado com a confirmação da meta de zerar o déficit das contas em 2024, impulsionando o Ibovespa.
Em novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,24% em outubro, taxa inferior a de setembro (0,26%). A propósito, o IPCA é a inflação do Brasil.
O dado foi comemorado, pois indicou que os juros em queda no país estão se mostrando suficientes para enfraquecer a inflação. A expectativa é que o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduza em meio ponto percentual a taxa de juros em dezembro, para 11,75% ao ano, em sua última reunião de 2023.
Isso beneficia a população e fortalece a economia brasileira, o que tende a atrair mais investidores para o país. Em síntese, o principal objetivo dos juros elevados é reduzir o poder de compra do consumidor para desaquecer a demanda e, assim, esfriar a economia. Dessa forma, a inflação perde força, já que a demanda se retrai.
No penúltimo mês de 2023, os mercados também repercutiram a inflação de outubro nos EUA. A taxa ficou nula e isso surpreendeu o mercado, já que a expectativa era de alta de 0,1% no mês.
O resultado sucedeu o avanço de 0,4% registrado em setembro e repercutiu de maneira positiva no mercado acionário, pois sinalizou que os juros no país estão sendo suficientes para conter a inflação.
Em suma, a inflação é um dado muito importante, pois tem o poder de influenciar o rumo da política monetária nos EUA. Quanto mais elevada está a inflação, maiores são os riscos de o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, elevar os juros no país, algo que os investidores não desejam.
Em suma, especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação animaram os investidores, que buscaram ativos de risco durante boa parte dos pregões deste mês.
Em novembro, as ações que vendem commodities e as de ativos descontados apresentaram os melhores desempenhos. Empresas relacionadas a minério de ferro se beneficiaram com a valorização da commodity, mas foi a Magazine Luiza quem liderou as altas. O principal fator que impulsionou esse resultado foi a fraca base comparativa, já que a varejista acumulava forte tombo.
Confira abaixo o top dez de ganhos em novembro:
Segundo especialistas, a Magazine Luiza se beneficiou dos recentes cortes na taxa de juros no Brasil. O setor varejista vem enfrentando muitos desafios em 2023, e a Magalu conseguiu recuperar boa parte das perdas acumuladas no ano. Aliás, a empresa liderou as perdas em outubro, caindo mais de 37% em relação a setembro.
Apenas 7 ações fecharam o mês de novembro em queda, resultado surpreendente, até porque o Ibovespa fechou o penúltimo mês de 2023 com uma forte alta de 12,54%.
Confira abaixo os únicos recuos de novembro:
Em novembro, as ações petroleiras tiveram as quedas mais disseminadas entre os papeis do Ibovespa. Em resumo, a queda no preço internacional do barril de petróleo derrubou as ações do setor, principalmente as empresas juniores, que são as privadas de menor porte.