O Ibovespa subiu pelo quarto pregão consecutivo, refletindo o bom momento do mercado acionário brasileiro. Os investidores repercutiram a divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e as expectativas dos diretores em relação ao futuro da economia brasileira.
Em resumo, o Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira (7) em alta de 0,71%, aos 119.268 pontos. Esse é o patamar mais elevado desde a sessão de 14 de setembro (119.392 pontos), ou seja, em quase dois meses, e mostra o bom desempenho do indicador nas últimas semanas.
Com o acréscimo deste resultado, o Ibovespa agora acumula fortes ganhos de 5,40% nos quatro primeiros pregões de novembro. Como os resultados foram apenas positivos, além de terem sido expressivos, o indicador está tendo o melhor início de mês em 2023.
Em 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 8,67%. O resultado anual estava ainda mais positivo há alguns meses, chegando a 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.
Já em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve, de apenas 0,71%. O resultado reverteu novamente a trajetória em outubro, refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional.
No mês passado, o indicador caiu 2,94%, aumentando as perdas anuais, mas o saldo de novembro está eliminando as perdas do mês anterior e mostra o movimento de gangorra que o Ibovespa vem apresentando nos últimos meses.
Na última quarta-feira (1º), o Copom reduziu pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa de juros do país caiu de 12,75% para 12,25% ao ano.
O corte de meio ponto percentual era esperado pelo mercado, que também projeta uma nova redução de mesma magnitude em dezembro, na última reunião de 2023 do Copom.
A propósito, os cortes seguidos dos juros no Brasil indicam que a política monetária menos contracionista está funcionando, pois continua limitando o avanço da inflação, mesmo que os juros estejam diminuindo.
De acordo com a ata divulgada hoje (7), o BC aumentou as incertezas em relação às contas públicas. Em suma, o governo federal estabeleceu a meta de déficit zero para 2024, mas declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocaram dúvidas sobre a meta.
“O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco“, informou o Copom, em nota.
Na ata do Copom, a instituição afirmou que é muito importante manter a “firme persecução” das metas fiscais estabelecidas. Isso acontece para que se fortaleça a “ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária [definição dos juros para conter a inflação]“, informou o Copom.
Em síntese, quanto mais o governo federal gastar, mais pressionada tende a ficar a inflação. Por isso, quando o presidente Lula mostra pouca importância em conseguir zerar o déficit das contas públicas em 2024, o Copom entende que há mais incertezas sobre a inflação controlada no país.
Embora as preocupações pareçam maiores que antes, os investidores gostaram do posicionamento do Copom e buscaram ativos de risco no país. Por isso, o Ibovespa conseguiu fechar a sessão em alta, impulsionado por resultados positivos, que foram observados de maneira disseminada.
Na sessão de hoje (7), 67 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em alta, impulsionando o indicador. O avanço poderia até ser mais forte, mas as duas principais empresas listadas no Ibovespa (Vale e Petrobras), que respondem por cerca de 28% do índice, fecharam o dia em queda firme, limitando o avanço do indicador.
Por falar nisso, os dados fracos da Vale e da Petrobras aconteceram por causa da divulgação da balança comercial da China, que frustrou as expectativas do mercado. Como a segunda maior economia do planeta mostrou perda de força, os investidores temeram dados mais negativos no futuro e fugiram de ações relacionadas a commodities, como petróleo e minério de ferro, justamente os principais produtos
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 23 bilhões na sessão, 21% acima da média dos últimos 12 meses (R$ 18,9 bilhões). Neste ano, o menor montante mensal foi registrado em setembro e outubro, que tiveram média de R$ 16,1 bilhões.
De modo diferente, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões. Já o segundo está sendo registrado em novembro (R$ 19,3 bilhões), mesmo volume observado em maio.
Na sessão de hoje (7), as ações que tiveram os maiores avanços percentuais, entre as poucas que subiram, foram:
Em contrapartida, os papeis com as quedas mais intensas do dia tiveram variações bem mais expressivas, puxando o Ibovespa para baixo. Veja abaixo quais foram as ações:
Por fim, cabe salientar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.