O Ibovespa subiu pelo quarto pregão seguido, atingindo o maior patamar em 41 dias. Na sessão desta quinta-feira (14), o indicador avançou novamente graças ao otimismo dos investidores, mas, desta vez, o cenário internacional se destacou no dia, impulsionando o índice.
No pregão de hoje, o Ibovespa subiu 1,03%, a 119.392 pontos. Esse é o maior patamar para o indicador desde o dia 4 de agosto (119.507 pontos). Com o acréscimo deste resultado, o indicador passou a acumular alta de 3,15% em setembro, resultado bem melhor que o de agosto, quando caiu mais de 5%.
No acumulado de 2023, o Ibovespa reserva ganhos de 8,80%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses deste ano. Em síntese, o indicador chegou a acumular alta de mais de 11% entre janeiro e julho, mas caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando boa parte dos ganhos.
Inclusive, foi em agosto que o Ibovespa registrou a maior sequência de quedas já registrada na história, caindo por 13 pregões consecutivos. No entanto, as perdas acumuladas no mês foram de “apenas” 5,1%, queda considerada pequena para a quantidade de sessões em queda.
Nesta quinta-feira (14), os investidores repercutiram os dados da inflação ao produtor nos EUA. Em resumo, os preços subiram 0,7% em agosto, acima das projeções do mercado (0,4%). Esse resultado pode indicar um aumento da inflação aos consumidores em setembro, uma vez que os produtores tendem a repassar as altas ao consumidor final.
Na véspera (13), o governo dos EUA revelou que a inflação aos consumidores subiu 0,6% em agosto, em linha com as estimativas do mercado. Com isso, as preocupações em relação aos próximos dados da inflação ao consumidor americano foram colocadas de lado, e o otimismo com os dados atuais mais positivos prevaleceu.
Em suma, os investidores torcem para que o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, não eleve os juros país. Em suma, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia norte-americana.
Isso acontece porque juros elevados encarecem o crédito e elevam o custo de vida da população. Como consequência, os consumidores passam a gastar menos, pois o dinheiro “vale menos”, e isso esfria a atividade do país.
O Fed vai se reunir na semana que vem para definir a política monetária do país. Atualmente, a taxa de juros está no maior patamar em mais de 20 anos, e o Fed não descartou a possibilidade de aumentar ainda mais os juros, mas os analistas acreditam que a entidade manterá os juros estáveis, ou pelo menos torcem por isso.
A propósito, os juros mais elevados aumentam a rentabilidade da renda fixa, e os investidores acabam deixando a renda variável, da qual o Ibovespa faz parte, e buscam ativos mais rentáveis. Quando os juros começam a cair, levam consigo a atratividade da renda fixa, e os investidores tendem a voltar para a renda variável.
Além dos dados dos EUA, os investidores também repercutiram a decisão do Banco Central Europeu (BCE) em elevar pela décima vez consecutiva os juros na zona do euro. Em síntese, a entidade elevou em 0,25 ponto percentual a taxa de juros, para um patamar entre 4,00% e 4,75% ao ano.
Com a alta dos juros, o BCE tenta atrair investimentos estrangeiros, pois os juros mais elevados aumentam a atratividade da renda fixa, e muitos investidores passam a comprar os títulos dos países que têm juros muito elevados.
Por outro lado, os juros altos também enfraquecem a atividade econômica dos países, e isso vem acontecendo na zona do euro. Portanto, a alta dos juros na região foi vista como algo positivo por uma parte do mercado, mas isso não foi unanimidade.
Na sessão de hoje (14), 47 das 85 ações listadas no Ibovespa subiram, enquanto 37 papéis caíram e dois ficaram estáveis. Esse resultado reflete um equilíbrio entre as altas e quedas no dia, mas os avanços exerceram bem mais impacto no indicador, impulsionando na sessão.
Inclusive, existem duas empresas muito importantes para o Ibovespa, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. E os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Nesta quinta-feira (14), os papéis da mineradora subiram 4,10%, segunda maior alta do dia. O resultado impulsionou o indicador, que subiu fortemente, apesar do equilíbrio entre avanços e quedas.
Já a segunda empresa é a Petrobras, cujos papéis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. Da mesma forma que a Vale, as ações ordinárias (ON) da Petrobras também subiram na sessão (2,94%), bem como os papéis preferenciais (PN), que tiveram alta de 2,54%.
Em síntese, os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.
Por fim, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 19 bilhões nesta sessão, montante semelhante à média dos últimos 12 meses. Em setembro, a média é bem menor, de R$ 15,2 bilhões.