O Ibovespa fechou a sessão desta terça-feira (24) em alta, impulsionado pelo exterior. As preocupações vindas do Oriente Médio ficaram um pouco de lado no pregão de hoje, e os investidores aproveitaram para buscar ativos de risco, muitos dos quais se encontram em países emergentes, como o Brasil.
A saber, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira. Na sessão de hoje (24), o Ibovespa subiu 0,87%, a 113.762 pontos, eliminando parte das perdas acumuladas nos últimos pregões.Com o acréscimo desse resultado, o índice reduziu as perdas de outubro, para -2,40%.
Por outro lado, o Ibovespa ainda reserva ganhos de 2,78% em 2023. Aliás, o avanço acumulado neste ano chegou a superar 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.
Em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve. Já agora em outubro, o resultado tem sido negativo, refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional.
A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas teve início há duas semanas e meio e já provocou a morte de mais de 7 mil pessoas. Além disso, há milhares de feridos e dezenas de reféns do grupo islâmico, considerado por Israel e por boa parte dos países ocidentais como um grupo terrorista.
Os investidores estão atentos aos conflitos, ainda mais porque Israel afirmou que irá invadir a Faixa de Gaza por terra em breve. Do ponto de vista econômico, os analistas temem que a guerra provoque o aumento no preço do petróleo, principalmente se outros países do Oriente Médio se envolverem nos conflitos.
Isso poderia pressionar a inflação em todo o mundo, fazendo os bancos centrais manterem os juros elevados, ou até mesmo voltarem a aumentá-los. E os investidores não querem elevação dos juros, já que isso provoca o esfriamento econômico, ou seja, reduz a quantidade de dinheiro em circulação.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.
Apesar destas preocupações, não houve fatos relevantes que provocassem a escalada da guerra nesta terça-feira (24). Ao mesmo tempo, o petróleo devolveu parte das altas acumuladas desde o início dos conflitos. Em outras palavras, os investidores se sentiram confiantes para buscar ativos de risco, e isso beneficiou o Ibovespa no dia.
Na sessão de hoje (24), 55 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em alta, impulsionando o indicador. Por outro lado, 28 papeis caíram no pregão, enquanto três se mantiveram estáveis.
Durante as sessões, o mercado fica de olho na variação registrada por duas grandes empresas: a mineradora Vale e a Petrobras. Cada uma delas responde por 14% da carteira teórica do Ibovespa, ou seja, elas exercem forte impacto no indicador.
Nesta terça-feira (24), as ações da Vale subiram 2,29%, impulsionando o indicador, Por sua vez, os papeis ordinários da Petrobras avançaram 1,54%, enquanto os preferenciais subiram 1,50% no dia. Ambos os resultados foram beneficiaram o Ibovespa e ficaram completamente diferente do que aconteceu na véspera (23), quando as ações da Petrobras derrubaram o índice.
Em síntese, a carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 16 bilhões nesta segunda, 15% abaixo da média dos últimos 12 meses. Neste mês de outubro, a média está em R$ 16 bilhões, menor montante mensal de 2023. Em contrapartida, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.
Na última segunda-feira (23), o Ibovespa até poderia subir, já que 67 das 86 ações listadas no indicador subiram. Contudo, os papeis da Petrobras, que respondem por 14% da carteira teórica do índice, despencaram mais de 6% e impediram que o indicador encerrasse o dia em alta.
A saber, o forte tombo das ações da Petrobras ficou mais ligado à questão política. Em resumo, os investidores não queriam que a companhia retomasse as nomeações políticas vedadas pela Lei das Estatais desde 2016, algo que a empresa vem mostrando interesse em fazer.
Ao mesmo tempo, a Lei das Estatais não livra a Petrobras de interferência política. Nesse caso, os investidores ficaram temerosos que a escalada dos conflitos no Oriente Médio faça o preço do petróleo disparar e, para não sofrer com impopularidade, o governo federal interfira nos preços da estatal, impedindo que a Petrobras reajuste os preços dos combustíveis.