O Ibovespa fechou a sessão da sexta-feira (3) em forte alta de 2,70%, aos 118.160 pontos, patamar mais elevado em um mês e meio. O resultado positivo aconteceu após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre os juros no Brasil.
Com o acréscimo deste resultado, o Ibovespa acumulou uma disparada de 4,29% na semana. Agora, o indicador passou a reservar ganhos de 7,68% em 2023. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
O resultado anual estava ainda mais positivo há alguns meses. A saber, a alta acumulada em 2023 chegou a 11% em julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, período em que teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.
Já em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve, de apenas 0,71%. O resultado reverteu novamente a trajetória em outubro, refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional. No mês passado, o indicador caiu 2,94%, aumentando as perdas anuais, algo que não está acontecendo em novembro, que registra saldo positivo de 4,43%.
A disparada do Ibovespa na semana aconteceu, principalmente, devido à decisão do Copom, anunciada na última quarta-feira (1º). Em suma, o comitê reduziu pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juro da economia brasileira, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa de juros do país caiu de 12,75% para 12,25% ao ano.
O corte de meio ponto percentual era esperado pelo mercado, que também projeta uma nova redução de mesma magnitude em dezembro, na última reunião de 2023 do Copom. A propósito, os cortes seguidos dos juros no Brasil indicam que a política monetária menos contracionista está funcionando, pois segue limitando o avanço da inflação, mesmo com a redução dos juros.
A saber, a taxa Selic tem como principal função limitar o avanço da inflação no Brasil. Quanto mais alta ela estiver, mais elevados ficam os juros, no geral, como o imobiliário e o bancário. Isso acontece para que o poder de compra do consumidor fique reduzido e, assim, haja um enfraquecimento na demanda por produtos e serviços.
Em síntese, quanto menor a demanda, menores tendem a ser as variações nos preços. Aliás, o Copom eleva os juros, pois o BC deve agir para atingir a meta da inflação estabelecida em cada ano para o Brasil.
Em 2023, a meta central da inflação é de 3,25%, mas a taxa pode variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Assim, caso a inflação varie entre 1,75% e 4,75% em 2023, ela terá sido formalmente cumprida.
Como a taxa inflacionária vem desacelerando nos últimos meses, o BC passou a reduzir os juros, e o resultado tem se mostrado muito positivo, já que a inflação não voltou a ganhar força no país. Por isso que o Ibovespa disparou no dia.
Na quarta-feira (1º), o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também anunciou sua decisão sobre os juros no país. Em resumo, a maior economia do planeta seguiu com a taxa de referência dos juros inalterada, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano.
A decisão também veio em linha com as estimativas do mercado. No entanto, o Fed anunciou sua decisão à tarde da quarta-feira, ou seja, a decisão ainda repercutiu naquele dia. Isso não aconteceu em relação ao Copom, que só anunciou a decisão após às 18h, quando o pregão já havia chegado ao fim.
Como na véspera (2) não houve negociação devido ao feriado nacional, a repercussão da decisão do Copom, que animou o mercado, impulsionou o Ibovespa apenas na sessão da sexta-feira (3). Resta aguardar para ver se essa movimentação continuará assim nos próximos dias.
Na sessão de ontem (3), 85 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em alta, impulsionando o indicador e refletindo a caçada aos ativos de risco. Apenas os papeis da Suzano caíram no dia (-0,56%), pressionados pela queda do dólar.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 20,1 bilhões na sessão, acima da média dos últimos 12 meses (R$ 18,9 bilhões). Neste ano, o menor montante mensal foi registrado em setembro e outubro, que tiveram média de R$ 16,1 bilhões.
De modo diferente, o valor mais elevado foi registrado em junho, quando a média diária de giro financeiro no Ibovespa chegou a R$ 21,1 bilhões.