Economia

Ibovespa CAI levemente em dia de aversão ao risco no exterior

O Ibovespa iniciou a semana em queda, refletindo o pessimismo vindo do exterior. Os investidores ficaram atentos principalmente aos Estados Unidos, com a expectativa elevada em relação à inflação no país. O risco fiscal do país também pesou no pregão e limitou a busca por ativos de risco no dia.

Em resumo, o Ibovespa fechou a sessão desta segunda-feira (13) em leve queda de 0,13%, aos 120.410 pontos. Embora tenha caído no pregão, o indicador segue acima dos 120 mil pontos, faixa que o índice sofreu para alcançar nos últimos meses.

Com o acréscimo deste resultado, o Ibovespa segue acumulando fortes ganhos de 6,42% em novembro. Neste mês, houve apenas três sessões no vermelho, mas as quedas foram tão leves que não afetaram os ganhos acumulados.

Ibovespa acumula ganhos em 2023

Em 2023, o indicador reserva ganhos de 9,73%. O resultado anual estava ainda mais positivo há alguns meses, chegando a 11% em julho, e agora voltou a se aproximar dessa marca, após semanas de queda, que fizeram o Ibovespa acumular ganhos inferiores a 3% em 2023.

Os recuos tiveram início em agosto, mês em que o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados. Aliás, foi em agosto que o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1% no mês.

Já em setembro, o Ibovespa até conseguiu subir, mas a alta foi bem leve, de apenas 0,71%. O resultado reverteu novamente a trajetória em outubro (-2,94%), refletindo o pessimismo dos investidores, principalmente com o cenário internacional. Agora, em novembro, o movimento gangorra continua, com o índice voltando a subir, mas de maneira bastante expressiva.

Ibovespa reserva ganhos de 9,73% em 2023, impulsionado por otimismo dos investidores. Imagem: Pixabay.

Investidores ficam atentos aos EUA

Nesta segunda-feira (13), a agenda fraca deu espaço para que os analistas direcionassem a atenção aos Estados Unidos. Isso porque a terça-feira (14) deverá ficar marcada pela divulgação da inflação no país.

Esse dado é muito importante, pois tende a influenciar o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a definir a política monetária do país. Quanto mais elevada vier a inflação, maiores os riscos de fortalecimento dos juros no país, algo que os investidores não desejam.

Em suma, especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, qualquer dado que possa impactar a taxa de juros no país prende a atenção do mercado.

Fed manteve juros inalterados

No início de novembro, o Fed manteve a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão também veio em linha com as estimativas do mercado, mas a última reunião do Fed em 2023, que acontecerá em dezembro, não está com analistas tão confiantes assim na manutenção dos juros.

Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os dirigentes da entidade não estavam confiantes em relação ao nível atual da taxa de juros. Alguns deles acreditam que os juros não estão em patamar elevado o suficiente para conter a inflação no país.

De acordo com Powell, o Fed “está comprometido em alcançar uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo“. “Não estamos confiantes de que alcançamos essa postura“, acrescentou. “Se for apropriado apertar ainda mais a política monetária, não hesitaremos em fazê-lo“, disse Powell.

A propósito, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável, isso não é apenas positivo, já que o patamar continua muito alto, afetando a população e a economia do país.

O risco de nova elevação preocupa, mas também atrair mais dinheiro para a renda fixa dos EUA. Em resumo, muitos investidores aproveitam os juros elevados para adquirirem títulos do Tesouro norte-americano, algo que só pode ser feito em dólar.

54 das 86 ações do Ibovespa caem na sessão

Na sessão de hoje (13), 54 das 86 ações listadas no Ibovespa fecharam o dia em queda, puxando o indicador para baixo e refletindo o pessimismo dos investidores. O recuo poderia ter sido ainda maior na sessão, mas as ações da Petrobras impediram a queda mais intensa do índice.

A saber, os papeis da companhia respondem por cerca de 12% da carteira do Ibovespa. Estas ações acabaram beneficiadas pelo exterior, já que o preço do barril de petróleo Brent, que é referência global, subiu quase 2%, após queda de quase 13% nas últimas quatro semanas.

Em síntese, o avanço nesta segunda-feira aconteceu porque a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) informou que a demanda da China por petróleo continua forte, bem acima de projeções recentes. Esse dado animou os investidores, impulsionando os preços da commodity e refletindo no avanço dos papeis da Petrobras.

Enquanto os papeis ordinários (ON) subiram 2,24%, as ações preferenciais (PN) avançaram 2,79%. A propósito, os papeis ordinários dão direito a votos em assembleias, algo que não acontece com os preferenciais. Estes têm preferência por dividendos.

A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 15 bilhões na sessão, 21% abaixo da média dos últimos 12 meses (R$ 18,9 bilhões).