O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (6) que é preciso haver harmonia entre a política fiscal e a política monetária no país.
Enquanto a política fiscal se refere ao controle da receita e dos gastos do governo, a política monetária diz respeito ao controle sobre a oferta de moeda. Em resumo, ambas precisam caminhar lado a lado, em harmonia, para que o país cresça, segundo Haddad.
Vale destacar que a política fiscal é executada pelo governo federal e trata das contas públicas. Por sua vez, a política monetária, de responsabilidade do Banco Central (BC), define os juros para conter a inflação no país. Aliás, quanto maiores os gastos públicos, mais pressionada fica a taxa inflacionária.
“Vamos, como eu disse já várias vezes, harmonizar a política fiscal com a política monetária, uma ajuda a outra. A política fiscal ajuda a política monetária, mas não podemos nos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal”, disse Fernando Haddad.
“Então, é como se fosse um organismo com dois braços, que têm que trabalhar juntos em proveito do mesmo objetivo”, acrescentou o ministro.
As declarações do ministro ocorreram após críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta para a taxa de juros do país e a política monetária do BC.
Na segunda-feira, o presidente Lula criticou o nível em que se encontra o juro básico da economia, bem como a política monetária definida pelo BC.
Em síntese, o petista afirmou que o Brasil tem uma “cultura” de juros elevados que “não combina com a necessidade de crescimento” do país.
“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse Lula.
“Tem muita gente que fala: ‘Pô, mas o presidente não pode falar isso’. Ora, se eu que fui eleito não puder falar, quem que eu vou querer que fale? O catador de material reciclável? Quem que eu vou querer que fale por mim? Não. Eu tenho que falar. Porque quando eu era presidente eu era cobrado”, acrescentou o presidente.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve pela quarta vez consecutiva a taxa Selic estável em 13,75% ao ano. A taxa corresponde ao juro básico da economia brasileira, que permanece no maior patamar desde novembro de 2016, quando a taxa estava em 14,00% ao ano.
A taxa básica de juro chegou a esse nível após 12 avanços consecutivos promovidos pelo BC, entre março de 2021 e agosto de 2022. Após esse período, o Copom decidiu manter a taxa estável nos últimos quatro encontros.
No entanto, o presidente Lula espera que os juros recuem no Brasil. Isso porque a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais pressionado fica o BC para elevar os juros e, assim, conter a inflação.
Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. E esse é o principal problema citado por Lula, que deseja impulsionar o crescimento econômico do Brasil em 2023.
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios, como:
Além de defender a harmonia entre a política fiscal e a monetária, o ministro da Fazenda disse que a nota do BC sobre os juros poderia ter sido mais “generosa”.
“O que o Banco Central disse, creio que faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por este governo […] existe realmente uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que nós temos que administrar”, disse Haddad.
Por isso mesmo, o ministro acredita que o BC poderia ter sido mais generoso em suas medidas. “Eu penso que a nota poderia ser um pouco mais generosa com as medidas que nós já tomamos”, disse.
Por fim, Haddad ressaltou que o governo não vai conseguir resolver um “passivo de 300 bilhões que foi herdado do governo anterior” em apenas 30 dias. Ele também afirmou que continuará buscando “resultados melhores”, e que o seu compromisso é com “o equilíbrio das contas”.