O gás de cozinha subiu no ano passado mais que o dobro do que a inflação e registrou alta de 9,24%, de acordo com dados do Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quinta-feira (12).
O gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, é comprado principalmente pelas famílias de baixa renda e mesmo assim fechou o ano com a maior alta em relação com outros gases derivados do petróleo. O gás encanado, por exemplo, teve diminuição de 1,29% no preço. Já o gás veicular fechou o ano de 2020 com alta de 1,66%. Esses dois últimos são utilizados por família de maior poder aquisitivo.
O preço médio do gás de cozinha hoje está em R$ 75, podendo chegar até cerca de R$ 105. Já no início da pandemia da Covid-19 o preço médio estava em R$ 69. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Mudança de reajustes no preço do gás de cozinha
Em 2019, a política de reajustes do gás de cozinha passou a ser sem data definida. Tanto que, nos últimos 40 dias, dois aumentos do gás de cozinha foram feitos pela Petrobras, sendo respectivamente, 5% e 6%.
O preço ainda é influenciado pelo dólar e cotação internacional do petróleo. Ainda em 2017 o ajuste era realizado mensalmente, depois a cada três meses, tendência que vigorou até 2018.
O preço do gás de cozinha pode chegar até R$ 200 ainda este ano.
Queda na demanda
A alta do preço do gás de cozinha também está atrelada na diminuição da compra. “De acordo com o Ministério de Minas e Energia, o consumo do botijão de 13 kg caiu 20% na última semana de dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior”, diz informação da Agência Brasil. Ainda, a demanda do botijão de mais de 13 kg caiu 32,5%
Professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin, disse a Agência Brasil, que a redução da demanda não é suficiente para preços voltarem ao normal.
“O preço do gás de cozinha é determinado por variantes externas, como o dólar e a cotação do petróleo. O petróleo recuperou-se no fim do ano passado depois de experimentar uma queda considerável de preço no início da pandemia. O dólar está atrelado a fatores internacionais e a expectativas sobre a economia brasileira”, explica.
O professor ainda destacou a dificuldade de substituir o produto rapidamente, qualquer solução como energia solar e fogões elétricos gerariam investimentos. “O gás de cozinha é um produto com baixa elasticidade de demanda. Trata-se de um bem essencial, que não pode ser substituído facilmente”, declarou.