Zerar a fila de espera do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Contudo, o Ministério da Previdência ainda não tem uma data para que esta promessa seja cumprida de fato.
Em entrevista concedida aos jornalistas da emissora Globo News nesta quinta-feira (2), o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) se negou a cravar uma data para o fim da fila de espera. Dados mais recentes mostram que em janeiro, o número de pessoas esperando por uma resposta do INSS aumentou.
“Não consigo achar aceitável que a fila vá acabar até o final deste ano. Fila não se resolve do dia para noite (…). Meu prazo é de racionalidade e razoabilidade”, afirmou o Ministro quando perguntado sobre a meta que o Governo Federal tem para acabar com a lista de espera de cidadãos que precisam de ajuda.
Na entrevista, Lupi disse que há uma dificuldade neste sentido, sobretudo em cidades do interior, e disse que aposta em mutirões para resolver a situação. “O maior gargalo é na perícia, principalmente no Nordeste. Há lugares que ficam a 300 km de distância de uma agência. É nisso que o mutirão vai funcionar”, disse o Ministro.
Lupi afirmou ainda que historicamente o INSS criou uma “cultura de dizer não”. Segundo ele, a partir de agora, a autarquia deverá olhar cada caso de maneira individual de modo a enxergar quem são as pessoas que realmente precisam do benefício previdenciário e quem não pode receber esta ajuda do Governo.
Em entrevista nesta semana, o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Wolney Queiroz, revelou que a pasta está estudando a possibilidade de criar um novo cartão unificado para todos os segurados do INSS.
“Temos o desafio de implantar o cartão do beneficiário, que vai unificar todos os beneficiários do Ministério da Previdência e do INSS para que eles tenham uma identificação nacional”, disse o secretário-executivo do Ministério. Na oportunidade, ele revelou ainda que o dispositivo poderia ser usado também com outras finalidades
“O que vai ser uma coisa muito boa (a distribuição dos novos cartões para o segurados), porque depois será usado como cartão de benefício de descontos em Uber, táxi, passagens aéreas. Os aposentados e pensionistas terão essa possibilidade”, completou Wolney Queiroz.
A ideia de acabar com a fila de espera do INSS está intimamente ligada ao processo de definição do salário mínimo. Constitucionalmente, aposentados e pensionistas do INSS devem receber ao menos um salário mínimo definido pelo Governo Federal.
Assim, quanto mais a fila for reduzida, mais pessoas entrarão no sistema previdenciário do país, e mais o Governo vai gastar com os pagamentos do salário mínimo. Deste modo, a conta da redução da fila deve ser feita considerando também os limites orçamentários da União.
Vale lembrar que o presidente Lula (PT) já confirmou em entrevista que vai elevar o valor do salário mínimo mais uma vez este ano. A partir de maio, o patamar vai subir dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320. O saldo tem impacto direto no patamar recebido mensalmente pelos segurados do INSS.